quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PACTO COM O TEMPO









Fiz um pacto com o tempo.
Acordamos... antes que ele me roube a lucidez,
me permita ter acessos de loucura.
Vivi sempre na normalidade.
Não contei estrelas, em noites de chuva.
Tão pouco recitei para Fernando Pessoa.
Nem andei descalço com Pablo Neruda.
E não fui a machu picchu com Clarice Lispector.
Não me embriaguei em dias de solidão.
Não tive surtos de raiva, e nem de ódio.
Aceitei a vida como me foi apresentada.
Bem que acompanhei alguns malucos,
mas foram meros acasos,
conheci o Profeta Gentileza e Raul Seixas.
Andei lendo: Osho, Nietzsche e outros.
Mas sempre estava lúcido.
Fiz um pacto com o tempo.
E lhe pedi loucura.
Loucura pra ficar livre das amarras,
fiquei preso as normas e aos conceitos.
Pedi ao tempo que esquecesse de mim e eu dele.
Pelo menos daqui até o final.

Ari Mota

2 comentários:

... "gigi"... disse...

Olá Ari

Tens poemas muito bonitos de muito sentimento e emoção, Gostei muito de passar por aqui!
Não esqueças que, o fim de algo é sempre o início de algo diferente...melhor ou pior, vai depender da formar como olharmos para o que nos está a acontecer! Felicidades!
Grata pela visita e dizeres.
Un beso

Paula Barros disse...

Ler você é como se me olhasse no espelho. Me vejo, com todas as rugas do tempo, deixadas na alma. E todos os sorrisos que dei e pretendo dá. Se a lucidez se mudar de mim.

"E lhe pedi loucura.
Loucura pra ficar livre das amarras ,
fiquei preso as normas e aos conceitos"