segunda-feira, 3 de julho de 2017

DESTEMIDEZ DA LUTA

Que eu nunca saiba mensurar o tempo,
que vivi.
Que eu tenha apenas a dimensão do tempo,
que me falta.
E que, continuar aqui, 
ou morrer... nunca me foi uma escolha,
- e nem sei como, cometer tal loucura.
Como não tenho como voltar,
por caminhos que passei... infinitamente a procura.
Que eu saiba, inda impelido,
pelo encanto do existir, pela destemidez da luta,
compreender... que depois de algum tempo,
tudo isso... todo esse meu medo e desespero,
transformará em beleza e ternura,
e que resistir continuará sendo a minha substância,
e que a resiliência que mora em mim,
que me habita, permanecerá visceral, profunda.
Que eu nunca, diga nunca,
e que tudo seja um talvez,
uma incerteza descomprometida.
Que eu possa debruçar apenas em reinícios,
que, de todos os meus fascínios,
resistir... seja o maior deles,
e continuar... seja, a minha atitude mais atrevida.
Que eu nunca saiba mensurar o tempo,
que sofri.
Que eu tenha apenas a certeza que ele me tornou,
mais compassivo.
Que eu encare o tempo que me resta,
como o melhor que eu tenho.
Quero que ele venha solto, descomedido,
venha sacudir a alma,
e melhorar com delicadeza o que sou.
Que eu jamais saiba o tamanho do tempo,
nem que um segundo possa ser uma eternidade.
Que eu tenha apenas a grandeza,
da sua metamorfose em mim, e do quanto sobrevivi,
varias foram às surras que levei da vida,
me levaram até ao chão,
e levantei varias vezes, e não morri,
só me fiz ser... evolução.
Que eu jamais esqueça...
que foi no desconforto do tempo que cresci.

Ari Mota