fui encontrando pelo caminho alguns abismos existenciais.
Obstinado, desvie-me da verticalidade, desci ribanceira abaixo,
atravessei terreno arenoso, depois cruzei pântanos imaginários,
estepes áridas e deparei-me com muralhas indefiníveis.
Resiliente que sou, escalei os desfiladeiros dos meus medos,
e continuei a caminhar.
E mais uma vez o destino jogou em minha frente estes precipícios,
que muito próximo ao intransponível, quase me impediu de continuar.
E pertinaz, combati minhas fraquezas e fiz delas... resistência.
Resisti aos vazios do caminho, e ao abandono da convivência,
em vez de edificar muros... construí pontes.
E em desafio, o destino fez-me construir a maior delas,
a descomedida ponte entre eu e minha alma.
E desde sua inauguração meu caminhar teve outro norte,
de correr em desespero...
passei docemente a passear pelo meu existir.
As pontes que construo...
tiram-me da duvida e me leva ao outro lado onde encontro,
certeza.
Conduz-me ao sonho, e me faz em vôo... ser feliz.
Permiti-me afastar da estupidez, e cingir com os braços
a delicadeza.
Partir apressadamente da arrogância, e cobrir-se de
singeleza.
As pontes que construo...
são invisíveis, e imaginárias... transitam nelas...
somente as pessoas que amam... como eu,
e fazem do existir um edificar,
e transportem de um lado para o outro... amor.
Construo pontes para cruzar os abismos,
e não ficar indolente apenas de um lado do existir
com a solidão.
Ari Mota