quarta-feira, 22 de abril de 2015

A CORAGEM... DE NÃO VITIMAR A ALMA

Existir é um acontecimento... e a vida... inefável,
tem-se que, não há quem a defina,
é mistério... é indizível,
somente os poetas e os loucos conseguem compreendê-la,
e o destino... traiçoeiro como é, não permitiu descrevê-la,
ficou perdida entre os delírios e a lucidez,
perdeu-se nas lonjuras da ilusão,
e ficou inenarrável.
Existir é um relâmpago inusitado... uns estalos... ocasionais,
somente os poetas e os loucos a sentem em demasia,
um... à estampa no seu riso descabido,
o outro... a descreve na sua poesia,
e ambos passam a brincar com essa insensatez,
e perdem-se ao meio da multidão... como anormais.
Existir é uma estrondosa... explosão,
fugaz como uma ventania,
somente os poetas e os loucos percebem o seu perfume,
um... a carrega como um vazio, ou outro... como solidão,
mas, ambos, conhecem o seu tamanho, o seu volume,
e saem por aí... um a verbaliza em poema,
o outro quase no abandono... vive em teimosia.
Existir é quase... tudo isso...
talvez, mais um tanto, ou menos tudo... ou nada disso,
é que de poeta e louco... eu acho que tenho um pouco.
E existir... é uma encantadora travessia,
uma imensa provocação em superar a si mesmo,
e impossível é... mensurar a sua pureza,
e fica indescritível a sua essência,
é apenas... um sonho contumaz... intenso enquanto dura,
e, bom mesmo...  é ir vivendo-a em silêncio,
como não conhecemos o começo, nem o tamanho do fim,
neste meio das coisas, e das dúvidas... e como aprendizes,
melhor mesmo... é que passemos por aqui... felizes.
Existir... quem sabe mesmo!... são os poetas e os loucos,
os outros... vivem colecionando coisas, e ressentimentos,
permitem que sua alma... entre nessa... de se vitimar,
acham que pouco fez ou que ainda tem muito que fazer,
desculpam, culpam... não assumem o direito de errar,
esquecem do inebriante desafio que é apenas viver.
Existir é... se rebrotar, reinventar-se com leveza,
sem inculpar a si mesmo às decisões do destino,
e sem desespero seguir... singular,
sem nenhum desatino, e como um menino,
inda... crer no abraço, no calor da pele,
na força da própria escolha,
no rastro... de amor, que deixar,
em sutileza.
Existir é... sem segredo,
jamais vitimar a alma, ou sacrificar o sonho,
por medo.

Ari Mota

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A MINHA NATUREZA... É LIVRE

Demorei um tanto...
mas, foi na meninice que fiz uma descoberta,
e inda foi... nas minas gerais dos meus sonhos,
onde a aridez brincava de me esconder,
silenciar-me, em madrugadas de dúvidas,
ou, às vezes de insônia... em noites de solidão,
que um dia, desatento... encontrei a minha alma,
querendo ir embora,
e já, com a porta entreaberta.
Demorei um tanto...
mas, exprimido ao meio de tantos nãos,
e inda...  perdido naquelas tardes de abandono,
naquelas manhãs de incertezas,
com aqueles encontros em desacertos,
e procuras infinitas... pura sofreguidão,
que... deparei com minha alma, me... chamando,
puxando-me pelas mãos.
Demorei um tanto...
mas, um dia arrumei as malas,
um amor, duas borboletas...  e caí na estrada,
ficaram partes espalhadas pelo chão,
inda querendo ficar... e, até que voltei,
e sem jeito... juntei tudo... e me arrastei por inteiro,
e nada levei, e invisível... parti,
e não contei a ninguém... que fui ser feliz,
e tudo foi pura teimosia,
e hoje... esse desatino... virou  mansidão.
Demorei um tanto...
e faz tempo...quase uma vida,
para entender que o silêncio também é rebeldia,
e aquietei-me... em demasia,
e nenhum medo me estremeceu...  nem me aprisionou,
nem me abateu em pleno vôo, em pleno salto,
eu me atirei no inusitado, em ruas descalças, no asfalto,
nunca me importei com quem nunca quis saber quem eu sou,
nunca me importei com outros olhares, como quem me espia,
como quem me apequena...  julga-me ou condena,
comecei logo cedo... a desconstruir as minhas vaidades,
escolher os meus livros, os meus poemas,
as minhas musicas, o meu norte, os meus dilemas.
Demorei um tanto... pensei que não tinha fim,
para ouvir a minha alma, e aprender... nunca me abandonar,
e descobrir que minha natureza... é livre,
sou como... um rio descendo a serra, indo para o mar,
às vezes raso... corredeira, às vezes profundo, cachoeira,
viro brisa, contorno barreira, outras vezes sou aragem,
sou uma eterna viagem,
buscando o melhor ...
de mim.

Ari Mota