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domingo, 6 de maio de 2012

OS GRITOS DA ALMA


Há dentro de mim um embate, um antagonismo sem fim,
tenho um em desanimo... grita o não, o outro em alegria... grita o sim,
há um corpo pedindo descanso, uma alma provocando o rejuvenescer,
às vezes a percebo... arrastando o corpo em desespero,
um querendo ir embora... o outro chegando como se tudo fosse...
agora.
Dia desses o corpo doía, e a alma em descompasso... ria.
Sei que um às vezes provoca o outro... mais tudo isso sou eu,
corpo em desconcerto, alma que renasce todas as manhãs.
Meu corpo cansado, já não mais baila ao ritmo de um rock and roll,
aí... aparece a alma enlouquecida dançando na chuva,
brincando em baixo de um temporal.
E quando a noite cai, o frio vem machucando os ossos,
o corpo corre e esconde em baixo de um cobertor,
mas, minha alma em solavancos desperta em sonhos,
e vai dançar em devaneios... sozinha em noites de solidão.
Um é impaciente, sempre quer adormecer, o outro juvenil... busca viver.
Um descansa, o outro ainda grita por desejos.
Um quase abandonou o tanger do abraço, o outro ainda quer beijos.
Um às vezes enrosca com o medo, o outro é pura ousadia.
Um às vezes senta a beira do caminho, o outro continua,
quase vai sozinho.
E tudo isso vira beleza, harmonia.
Um tem a face carrancuda, o outro ri em demasia.
Um já não acha graça, o outro ainda sonha.
E tudo parece um disparate... mais é pura simetria.
Um quase já não fala, o outro em silencio,
insiste em ser poeta, fala de amor.
Um às vezes já não procura água para regar a si mesmo,
o outro cultiva um bonsai, e uma flor.
Bom mesmo... é que este conflito sou eu.
Na verdade esta guerra aqui no peito completa-me,
me faz continuar, evoluir... me acalma.
Hoje, quando olho no espelho já não me vejo.
Envelhecido...
Hoje... sou mais alma.
E isso me basta.

Ari Mota