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domingo, 23 de outubro de 2022

APLAUSOS


 








Como foi bom não saberem...
onde guardastes o sonho,
escondestes o medo,
secastes o pranto.
 
Como foi bom não saberem...
que se alimentou da própria substância,
que se valeu da inconexão com o desistir,
e continuar em silêncio foi seu maior encanto.
 
E que ao sonhar...
não encontrou paradigmas que não estivesse em ti,
tudo estava dentro,
e tudo foi um exagero, e a quase tudo renunciou.
 
Como foi bom não saberem...
da solidão que lhe fez companhia,
e das vezes que a quietude escondeu o grito,
e os desertos que atravessou.
 
Mas... se só, depois de 40 anos,
chegaram os primeiros aplausos,
mesmo assim, veja o tamanho,
o quanto imenso foi sua obstinação.
 
E o que valeu foi o duelo com si mesmo,
a exuberante batalha com a alma,
em lidar com as incertezas,
e das vezes que as engoliu em noites de solidão.
 
Como foi bom não saberem...
que tudo que lhe obstou o caminho,
desmistificou o perigo de viver, o fez voar,
o fez se olhar, se aplaudir.
 
Como foi bom não saberem...
que vagarosamente estava construindo pontes,
crescendo para dentro,
tornando-se maior, uma referência, antes de partir.
 
Que bom que ninguém soube...
que o destino... sem você saber, fez como o mar:
depositou na sua praia, aplausos que são seus,
veio lhe restituir.
 
Ari Mota