Há que se debruçar sobre si mesmo um dia,
e se olhar como nunca o fez,
e depois descortinar a alma, e repaginar o fim.
Nem que no último instante seja tocado pela solidão,
nem que tenha que discutir a dúvida, o talvez.
E encarar os erros, afrontar a dor, e abafar o grito.
E na descoberta... vê que não se conheceu,
perdeu ao longo do existir contato com o próprio eu.
Olhou em demasia para os outros,
não teve prudência de si para si,
feriu a própria a carne,
flagelou-se com medo... do medo,
atormentou-se com o silêncio,
estremeceu com as incertezas e com os vazios.
Há que se debruçar sobre si,
nem que seja no último instante.
E ter coragem de olhar... com amor para o que viveu,
olhar para a alma, para si... como há muito não via,
e, todavia...
ter a certeza...
que tudo valeu.
Ari Mota