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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

ENVELHECIDO, TORNEI-ME RETICÊNCIAS...

Visível foi... que o tempo roubou a minha rijeza juvenil,
mas também levou a pressa, a impaciência, a inquietação.
Perdi pelo caminho, a força muscular, a robustez da resistência,
sei até que fiquei vulnerável, e com alguma limitação,
e antes que o destino me leve à lucidez, ou me deixe senil,
inda fantasio-me de ilusão, inda viajo na utopia do vento,
aposto na vida que ainda me resta,
na estrela que brilha nos meus sonhos,
e insisto ainda extrair da alma algum talento.
Quando jovem, fui ponto final... desistia sem demora,
hoje envelhecido tornei-me reticências...
mudo, renovo-me... antes de ir embora.
E quando era para abaixar as velas, ancorar o barco,
olhei a imensidão do mar...
não teve jeito, tive que continuar.
Estranho... tenho lidado mais com a velhice,
parece-me o tempo da pausa absoluta, pura contemplação.
Quando jovem tudo era fugaz como um vendaval.
Hoje, sou reticências... nada termina, tudo esta por terminar,
existir é uma obra inacabada, em busca de perfeição.
Como sou resiliente, ando buscando atalhos, outro caminho.
Antes, ia... em todos os lugares, subia nas montanhas,
saltava em mergulho nas cachoeiras, farreava em noites inteiras,
vagueava em madrugadas frias, para não ficar sozinho.
Hoje o tempo inibiu os meus movimentos, a sutileza do andar.
Tenho grossas lentes, que ofuscou até o colorido do olhar.
Mas... sou livre... ando para dentro, dentro de mim.
Troquei o barulho do mundo, pela calmaria da minha alma.
Falo com o olhar... virei silencio... desvisto todos os meus medos.
Quando jovem fui ponto final... desistia sem demora.
Mas, agora...
envelhecido tornei-me reticências... um poeta, um escritor,
ando reconstruindo os meus enredos,
e colocando nas minhas narrativas,
e na minha vida:
amor.

Ari Mota