quarta-feira, 31 de março de 2010

JUVENTUDE


Se por acaso perceber que sua sombra espelhada no chão,
não tem somente o seu espectro, e que além do seu corpo,
duas asas estão ali como se quisessem levantar vôo.
E em delírios rumar em direção ao infinito... em festa,
e em risos ludibriar as rudezas da vida e bailar noite adentro.
Não estranhe tal atitude da sua alma, ela esta no melhor do seu tempo.
É o tempo da juventude... tempo de sonhar.
Mas, se, contudo isso, e depois da sombra com asas,
escutar um barulho dentro do peito, como se fora um terremoto,
e perceber que algo bate dentro do corpo, como se fora explodir,
e neste ímpeto, não conter as emoções, chorar sem querer,
rir sem ter graça, ou cair em solidão no meio de uma imensa multidão,
e sentir que na verdade a alma pulsa demasiadamente, escandalosamente,
querendo pular do corpo e sair em disparada pelos caminhos do destino,
livre, desatada, pronta para os combates da vida, cheias de desafios e devaneios,
não pense que a loucura tomou conta da sua existência,
e que sua lucidez desgarrou-se do seu existir, e foi embora.
Não... não é nada disso...
é apenas a juventude em fantasia, desfilando no palco da vida.
É o tempo de acreditar, crer...
viver um grande amor, ou cair em lagrimas por ele.
E se ao longo da vida...
sua sombra sempre espelhar no chão com asas,
e sua alma querer sair do corpo, desvairadamente,
como uma bailarina enlouquecida,
querendo bailar com algumas borboletas,
tudo em nome do amor.
“ isto é juventude... juventude eterna.”

Ari Mota

terça-feira, 30 de março de 2010

TRIAGEM


Faça uma triagem de seus pares sem menosprezar as
diferenças.
Faça escolhas de convivência, trace sua estrada,
delimite seu território.
Afaste-se dos que querem que você seja um deposito
de magoas e ressentimentos.
Afaste-se de almas que querem deixar em suas mãos
o que não lhe pertence.
Afaste-se dos que querem lhe sugar o equilíbrio
e a paz.
Afaste-se dos que gritam, ou encontram-se em desesperação.
Não permita que descarreguem em você os medos que você
não tem.
Não atue absorvendo lagrimas que não são suas,
nem gritos não são seus.
Não se deixe corroer de ódios imaginários, e nem carregue
bandeira de ninguém.
Disperse apressadamente dos falantes, e daqueles que promovem
a desinteligência.
Perca toda a sua prudência, e desapareça dos que não sabem ouvir.
Faça uma triagem com quem andas...
Escolha as almas que estarão com você por toda a sua vida.
Mas, permaneça ao lado daquelas que não irão lhe consumir,
não irão restringir seus vôos, ou ofuscar seu brilho.
Escolha seus amores com a alma, não os acorrente ao corpo,
nem direcione seu caminho.
Pactue um amar a liberdade do outro, sem cobrança,
até o fim.
Não permita que tomem posse de sua alma,
afaste-se dos que querem que você afaste de si mesmo.

Ari Mota

domingo, 28 de março de 2010

SENNA E O POLÍTICO


Entre os dois há uma pequena diferença, um ínfimo abismo.
Senna exaltava a grandeza que cada um carrega dentro da alma,
o que temos de melhor, o que temos de humano, de caráter,
de sobriedade,
ele não fazia brilhar só nossas manhãs de domingo,
iluminava nossos sonhos.
Na sua simplicidade revolvia nossos desejos adormecidos,
despertava-nos a vitória aprisionada no peito,
nossa infinita vontade de vencer.
Suas vitórias eram nossas, como eram nossas, sua força
e sua coragem,
tinha o poder de repartir... sentíamos coadjuvantes no seu cockpit.
Mas, quando naquela curva o destino o levou...
um pouco de nós também se foi.
Ficou o vazio... ficamos sem referencia de vitória,
de conquista.
E desde então, a mídia nos empurra estes ante-heróis...
estes políticos,
os Valério’s, os Arruda’s, os Dirceu’s, que exaltam nossa pequenez,
o que temos de pior, o que temos de ignorância, de desonestidade.
Ofuscam nossos dias, destroem nossa auto-estima,
corroem nossos sonhos,
e na sua arrogância nos faz insignificantes diante das leis, da justiça.
Desperta-nos,  mais que perplexidade e indignação,
desperta impotência.
Não reparte, nem distribui... tira-nos, empobrece-nos,
somos seus coadjuvantes apenas na hora dos votos.
Entre a destreza de Senna e a esperteza do político...
estamos nós.
Somos cobaias sociais, manipuláveis, meras estatísticas, frágeis.
Entre os dois há uma pequena diferença, um ínfimo abismo,
uma tênue distancia.
A torpeza do político nos reconhece como uma coisa,
a delicadeza do Senna nos reconhecia como amor.

Ari Mota

sexta-feira, 26 de março de 2010

A PERDA DA AUTENTICIDADE



















Não espelhe a edificação da sua vida em um teclado de computador,
e nem queira definir seu destino acionando a tecla “Enter,”
e nem eximir sua responsabilidade com o viver, impelindo o “delete.”
O mundo coorporativo induziu-nos a aceitar os copistas de plantão,
os amantes plagiadores, do “Ctrl + c e do Ctrl + v, carentes de criatividade,
inovadores de discursos fáceis, revolucionários das ausências de autenticidade,
armazenadores de arquivos em Pen Drive, saqueadores de idéias.
Estagiários especialistas em papel carbono, sempre no vácuo de alguém,
aprendizes e não criadores, Trainees poliglotas que desenvolvem o nada.
Não use o teclado como se fora um caminho, uma estrada que te conduz a um lugar.
E não queira por analogia fazer da sua vida um “Ctrl + c e um Ctrl + v.”
Seus amores o querem autêntico, puro, criador de sonhos e esperança,
não dê um “Ctrl + c” em almas diferentes, e a incorpore na sua.
Sua autenticidade é inviolável, como seus sentimentos e desejos.
Não procure em outros quintais, o que esta entulhado no seu,
não busque em outras almas, o que aprisionou na sua,
não escute a pulsação de outros corações, se não conseguiu ouvir o seu,
não queira sentir em outros lábios, os beijos que não deu.
Não dê um “Ctrl + c” em felicidades alheias, e as traga para dentro da sua alma,
seja autêntico no sonho, no pensar, no agir e reagir.
A perda da sua autenticidade estará quando der um “Ctrl + c” em outras vidas,
e com um “ctrl + v” a incorporar em seu caminho, em sua trajetória,
e fazer sua liberdade prisioneira de outros sonhos.
Seja autêntico,
ame a vida da forma que ela apresentou-se a você.

Ari Mota


quinta-feira, 25 de março de 2010

UM JANTAR COM A ALMA



Às vezes é preciso desconstruir paradigmas,
demolir algumas pontes,
obstruir algumas estradas, abandonar algumas avenidas
e fazer uso de algumas trilhas.
Às vezes mais que preciso... é refazer os caminhos,
redefinir o pensar.
E interromper esta vida louca, esta voracidade do conseguir,
do conquistar.
É hora de voltar-se para dentro da alma,
destes infindos caminhos desconhecidos,
é hora de suspender esta impetuosidade do consumir,
do ter,
do endinheirar-se.
É hora de abandonar esta agenda alucinante, este amealhar coisas,
poderes.
É o momento de se recolher... mas, prepare sua casa para te receber.
Limpe as gavetas...
jogue fora as quinquilharias do passado sem perder a própria história.
Desapegue das inutilidades que guardou,
dos  calendários antigos, das cartas de amor que não respondeu,
das canetas sem uso, dos beijos que não deu
os chaveiros inúteis, dos amores perdidos,
das medalhas na cabeceira da cama, dos desejos escondidos,
das fotos nuas de Brigite Bardot.
Abra o armário, jogue fora todos os ressentimentos,
todas as magoas que te incomoda, todos os amores que não vingou.
Limpe toda a casa... prepare um lindo encontro... com flores e velas,
perfumes, musicas, borboletas e alegria,
jogue na sala pétalas de rosas vermelhas,
e convide sua alma para jantar.

Ari Mota

terça-feira, 23 de março de 2010

A ESPERA DE UMA MENSAGEM


Caso o seu olhar ultrapassar os limites do horizonte,
e dar-se conta que não mais olha, e nem vê...e  sua visão perder-se no nada,
e aperceber-se que em busca, espera em vão...o novo, o inusitado,
e um nó brotar garganta adentro, e rolar na cama em vigília,
sem dormir,
como se no amanhecer uma mensagem viesse para mudar a sua vida,
o seu destino,
e pela manha abruptamente abrir a porta e desesperadamente olhar para rua,
e fixar os olhos na esquina esperando a grande virada,
a  grande mudança,
ou mirar-se para o telefone, na esperança de ouvi-lo tocar,
e tudo mudar,
ou aguardar na varanda o carteiro passar, e ali postar o seu futuro,
o seu amanhã,
ou plugar-se ao computador esperando um e-mail para alterar sua vida,
sua história.
Há... tudo isso é duvida, e a vida é uma dúvida,
ou isto é  ânsia por si só... agonia... sem alucinações... solidão de alma.
Não espere...
o seu destino não está em poder de alguém, ou em outros sonhos,
não espere uma mensagem chegar de outros universos,
de outros olhares.
Não espere a mágica dar outra forma ao seu existir.
Entre alma adentro...tudo estará lá,
a sua espera,
Desvende-a... na descoberta encontre suas respostas,
na duvida a certeza.
A certeza que a grande mensagem da vida,
estará na eterna possibilidade de se reconstruir,
e ser livre para sempre,
com amor.

Ari Mota

 

domingo, 21 de março de 2010

O RECICLADOR


Quando a vida lhe exigir crescimento...
Utilize todos os meios  para a intelectualidade, absorva tudo,
retire dos livros todos os sentimentos, e das palavras todas as emoções.
Conheça a lógica, o abstrato, o imensurável, e a eficácia da inteligência,
percorra todos os cantos do mundo, todas as culturas, e semânticas da vida,
não desperdice o tempo, nem deixe ociosa a mente... exercite a alma.
Estude nas melhores casas de ensino do planeta, escute os sábios contemporâneos,
vasculhe o passado e tire dele, toda a experiência que a humanidade teve,
aprenda novas línguas, novos hábitos, procure entender novos credos,
se possível viaje pelo cosmo... mesmo em sonho, e diligencie novas existências.
E gradue-se, faça uma pós-graduação, e depois mestrado...
E saia pelos caminhos da vida fazendo crescer os outros e você mesmo.
Mas, na verdade... e depois de tudo isso,
não queira criar novos métodos e nem novos projetos, que mude o mundo,
as grandes idéias,  o destino as trouxe nos braços da duvida,
e o acaso depositou na memória de alguns a descoberta.
Se, contudo persistir a suspeita que ainda lhe falta algo.
Olhe... pela janela.
É hora de aprender na escola da vida, o que o livro não contém.
Na sua esquina existe um catador de papel, o reciclador.
Ele será doravante seu único e maior professor.
E em metáfora...
Faça como ele... entre alma adentro catando os papeis da sua vida.
São rascunhos que você jogou pelo caminho,
são papeis amarrotados... das cartas de amor que não mandou,
são fotografias enrugadas pelo tempo que você não moldurou,
são pedaços de cetim das fantasias que usou,
são fragmentos que espalhou pela estrada onde passou.
Recolha-os...
É hora de reciclar os sentimentos,  as magoas, os desencantos.
Faça uma triagem do que viveu, separe o que valeu.
O que sobrou o transforme em adubo para a alma,
seja ternamente um reciclador.

Ari Mota

sexta-feira, 19 de março de 2010

O DESINFORMADO



Acordei...
Pluguei meu mundo à tecnologia disponível, para atualizar-me,
e fiquei desinformado.
Despejaram tanta barbárie no nascer do meu sol, na minha manhã,
que desesperado corri no calendário de trás da porta... e era 2010,
pávido e incerto fui até a minha calçada, e não era uma rua medieval.
Acordei  ávido, acreditando na metamorfose da ração humana,
em um novo homem destilando verdades e com profunda deferência,
para com os outros e  para consigo mesmo... e não o encontrei.
Desfilavam  em frente a minha existência, multidões de bárbaros,
mergulhados na mais pura incivilidade, na mais feroz impolidez,
habitantes da mais inóspita urbanidade, cruéis, insanos,
carregados de mentiras e  revestidos da mais terrível indiferença.
Acordei...
E encontrei os mesmos pastores conduzindo suas ovelhas,
cerceando seus vôos, aprisionando suas almas, inibindo seus desejos.
Encontrei os mesmos moços fingindo seus amores, negando seus abraços,
negando seus beijos.
Acordei... pluguei ao mundo... minha alma de poeta,
em busca de amor, e  nada encontrei.
Na descoberta, na busca, na inocência de um menino,
na pureza de espírito, na sutileza de existir,
fiquei desinformado.

Ari Mota

quarta-feira, 17 de março de 2010

SONHE


Sonhe...
Mas, o faça em doses pequenas... como se bebesse em cálice de cristais,
com toda a delicadeza.
Sonhe...
Mas, diligencie o foco para almejar o “ SER. “
Se sonhar em ‘TER’, sem empenhar-se poderá curvar-se ao desapontamento,
e frustrar-se de uma esperança.
Acautele-se...
Sonhar em demasia é entrar em delírios existenciais.
E se subtrair projetos disponíveis no palco da vida, e chamá-los de seu,
é hipocrisia.
Plagiar sonhos, arrebatar idéias,
e viver em território onde somente verbaliza os desígnios... é pura utopia.
Sonhar em excesso, devanear do por do sol ao chegar das estrelas,
é distanciar-se da lucidez.
Sonhe mas não plante na esquina seu espectro, para ficar assistindo a vida,
desfilar em sua frente.
Lute primeiro e quando o corpo fatigar negocie com a alma e sonhe ao luar.
Sonhe em construir uma grande alma, não uma grande coisa.
Sonhe em... desconstruir as incertezas e o medo.
Sonhe em... retirar do peito esta infinita insatisfação.
Sonhe, sem procurar em outros destinos o seu.

Ari  Mota

segunda-feira, 15 de março de 2010

OBSTÁCULO



Se o destino inadvertidamente deixou cair um obstáculo em sua vida,
procure avaliar a dimensão da pedra que rolou na sua estrada.
Se for de geometria transponível, tome distancia e salte sobre ela,
e siga o seu caminho.
Se for mediana, contorne-a e também, dê continuidade a sua trajetória.
Mas, se por acaso sua extensão for imensurável,
interromper o seu caminhar, e sua visão do horizonte,
e ofuscar seus sonhos.
Prepare-se...
Transpassá-la necessitará de um plano, de uma estratégia,
terás que ouvir o silêncio, ouvir a alma, e acalmar-se.
São obstáculos da existência, são partes do seu crescimento,
e não poderá seguir em frente sem operar com equilíbrio,
mover-se com sensatez,  exprimir-se com prudência,
e agir com coragem.
Cada passo terá que vir da alma, de dentro, da mais pura essência.
Não poderás voltar... terás que subir... ultrapassar o obstáculo.
Terás que escalar os degraus do medo, e da incerteza.
Quando a vida jogar em sua estrada... um obstáculo,
não se atemorize... inicie uma subida,
e durante a jornada, entre uma canção e um riso,
garimpe sonhos e ousadia,
quando no topo...
Estarás livre.

Ari Mota

sexta-feira, 12 de março de 2010

BIOGRAFIA


Quando o horizonte da vida apresentar-se em mistérios,
não tenha medo de prosseguir.
A retidão do caminho vez por outra e sempre, é uma ilusão,
haverá de encontrar subidas e curvas pela estrada.
Não receie da força que terás que ter,
e nem tampouco o equilíbrio para se manter em pé.
Que tenha instrumentos que atenue a severidade do existir,
e que possa percorrer toda uma vida sem grandes imprevistos.
E que não se fragmente pelo caminhar...
e nem deixe pedaços espalhados por onde passar.
E que em retrospectiva...
Possa olhar para trás... não para apanhar os cacos,
mas...
Para ver fragmentos da alma que semeou com todo o sentimento,
com todo o seu amor.
Quando o horizonte da vida lhe apresentar uma grande avenida,
não busque subterfúgios, nem tenha o dom de iludir-se,
não espere calmaria em sua viagem, nem céu de brigadeiro em seu vôo.
Mas... viva sem macular sua alma,
sem repugnar outras vidas, outros destinos.
Permita somente o fragmentar da alma, ela é resiliente... suportará,
e seu maior antídoto será eternamente o amor.
Se a vida lhe cobrar coragem, tenha-as... participe de todas as batalhas,
não se fragmente de medo, e nem em covardia.
Lute... até o fim.
E que, ao assinar sua biografia não tenha vergonha de publicá-la.

Ari Mota

quarta-feira, 10 de março de 2010

ARME-SE DE ROSAS



Pela manha arme-se para enfrentar o seu dia...
Aplique em sua face uma mascara enodoada de rudeza,
agregue em seus gestos, movimentos de indelicadeza,
e comunique-se com o mundo com toda a rispidez que lhe é peculiar,
e depois distribua grosseria e abra em leque sua ignorância, sua deselegância,
hostilize e exponha sua tendência agressiva com as pessoas e a vida.
Arme-se, faça da espada a lei, não tenha preço para a conquista,
colecione inimigos, desafetos, faça da sua existência uma guerra,
conquiste coisas, amplie seu território, colecione ouro e jóias,
apodere-se do destino dos fracos e destrua os justos,
cerceie a liberdade e os vôos dos que estão subjugados a você.
Este é o homem atual... contemporâneo... mediático.
Pela manha arme-se para enfrentar o seu dia...
Não sobreponha disfarce em seu rosto, olhe com beleza,
reúna em seu abraço gestos de ternura... e delicadeza,
transmita confiança, perseverança e paz,
e depois com clareza abra em leque sua força e elegância,
exponha sua infinita vontade de unir, repartir e dividir.
Arme-se, faça de uma rosa a sua lei, conquiste almas,
colecione amigos, afetos,
conquiste pessoas e idéias,
apodere-se da liberdade,
destrua as divisórias,
distribua rosas... sonhos.
Este é o homem do amanha... eterno... universal.
Ama a vida...
Pela manha arme-se... levante como um bárbaro e sua espada,
ou desperte como um jardineiro semeando rosas e amor.

Ari Mota

terça-feira, 9 de março de 2010

O COLO


Se uma dor forte brotar dentro do peito...
E você  for tomado por um vazio estranho, um nada, uma ausência,
e se seu olhar perder-se no horizonte da existência, sem rumo,
e seus passos perder o norte do caminhar, e perceber que vagas pela vida,
e se na sua face escorrer uma lagrima vinda em prantos da alma,
e seu soluço incomodar o silencio, estremecer o corpo e sua essência,
e aperceber-se que foi subjugado pelos caprichos da solidão.
Não... não tem como escapar... você precisa de colo... de afago.
Não se atreva ao isolamento, tão pouco se envergonhe em pedir socorro.
Quando pequenino, um Anjo o acalentava, o aquecia, o tinha no colo,
atenuava seus medos, suavizava seus pesadelos, não o deixava na escuridão,
e em noites de tempestades... contava historias de amor, e paixão.
E passaram os dias, as estações... você se fez homem, se fez mulher... cresceu.
O seu Anjo, o colocou na estrada da vida, nas trilhas do destino... o desceu do colo,
aconteceu o tempo da escolha, do arbítrio, da intenção fugitiva e você partiu.
E a vida lhe permitiu todos os caminhos, todos os atalhos, todos os vôos,
amou, desamou, sofreu, perdeu, venceu, colheu rosas, feriu com os espinhos.
E hoje, ao abrir a porta... a solidão entra sorrateiramente e se instala no seu coração.
Peça socorro... clame seu Anjo... implore seus carinhos, seus afagos.
Ele sempre esteve por perto... ao seu lado,
e em todas as esquinas que passou,
em todos os bares que entrou,
viu todas as vezes que caiu,
e todas as vezes que levantou.
Ele sempre esteve ao seu lado, e estará... por toda a vida.
“ oferecendo colo e amor “

Ari Mota

domingo, 7 de março de 2010

MULHER




Eu só queria um barco
e você tornou-se um porto a me esperar . 
Eu só queria lhe contar os meus segredos
e você tornou-se a guardiã de todos eles.
Eu só a queria como fêmea
e você tornou-se a minha companheira.
Eu só a queria como terra fértil 
e você como se não bastasse, germinou vidas.
Eu só a queria submissa
e você tornou-se força, luz no meu caminho.
Eu só queria um beijo
e você roubou-me o coração.
Eu queria apenas um olhar
e você apoderou-se dos meus olhos.
Eu queria ficar só
e você transformou-se em solidão
só pra ficar ao meu lado.
Eu queria apenas um sorriso
e você entregou-se toda a mim.
Eu queria na verdade dizer
que te amo.
E que além de M U L H E R
é um pouco de mim
e eu um pouco de você.

Ari Mota

sexta-feira, 5 de março de 2010

O SEMEADOR


A vida invariavelmente será sempre um eco...
tudo que emitir voltará para dentro de sua alma.
De nada adiantará viver toda uma vida manifestando carência,
sem jamais oferecer afeto.
E nem existir vertendo lagrimas,
sem destilar sorrisos e alegrias.
E tampouco fomentar conflitos existenciais,
sem atingir excelências em coerência e harmonia.
E ser um arremessador de pedras em destinos,
sem ser um semeador plantando flores pelos caminhos.
E nem arvorar-se em juiz e sair julgando sentimentos e vidas,
sem voltar-se para si, para a alma e se encontrar.
Não se apresente no palco da vida como vitima,
desponte para o existir... como guerreiro.
E não se apresente como professor insolente,
conviva com seus pares como um eterno aprendiz.
Não imponha suas idéias como um ditador,
envolva-se com os  mistérios da convivência,
transforme-se em um líder, sem impostura.
Não relacione com o mundo como um cobrador,
mais viva como um vendedor de sonhos.
Quando o eco da vida retornar para dentro de sua alma,
que você possa transbordar de alegria e paz.
Ao semear sonhos... colha ousadia,
ousadia de viver livre,
de viver com amor.

Ari Mota

quarta-feira, 3 de março de 2010

VOAR




Se porventura em uma dessas curvas da vida...
um abismo surgir em sua frente... não se assuste,
é a vida implorando a você uma decisão... talvez a maior delas,
e a um passo do abismo, ela lhe pedir que decida:
Pular ou Voar. Não  hesite...
Se pular poderá cair em território nocivo...
Se voar poderá escolher onde pousar.
E em pulando poderá ir direto ao fundo, ao lodo,
e o sedimento poderá macular sua alma.
E em voando poderá tornar-se livre,
a liberdade será o antídoto da sua existência, estarás em paz.
Se pular ficará prisioneiro do preconceito e da pequenez humana,
serás, refém do medo e da covardia.
Se voar, buscarás horizontes, estarás em expansão,
crescerás,  por almejar a plenitude.
Se um abismo surgir a sua frente não hesite: Pule ou Voe.
Pulando cairás nos braços do medo e ficarás menor.
Voando terás o abraço da ousadia, ficarás do tamanho do universo.
Esses abismos estarão sempre nos caminhos da alma,
e nem sempre te levarão para o fundo.
Na verdade são essências, substancia da vida, natureza das coisas.
São energias que dimensionarão... ódio e amor.
Assim será seu destino, sua caminhada, sua vereda até o fim.
E o ódio nos leva para baixo, o amor nos exalta... nos faz voar.

Ari Mota

segunda-feira, 1 de março de 2010

A VISITA DE UM ANJO


Anos atrás, em uma madrugada fria, acordei...
E alguém estava sentado ao meu lado, segurando em minhas mãos,
era um olhar de tamanha pureza, me observando... que não tive medo,
ela me tocava ternamente, suavemente... sorria docemente para mim,
aqueceu-me por inteiro, abraçou-me com carinho, tocou minha alma,
sussurrou-me segredos de amor e ternura, e depois me beijou na face,
desde então me sinto protegido, parece-me que estou  amparado até o fim.
Anos atrás, recebi uma visita inusitada... que alterou a minha vida.
Antes... me auto flagelava perante as dificuldades do existir,
revestia de tristeza e melancolia pelos pequenos obstáculos que aparecia,
antes dos combates já me dava por vencido e sempre perdia,
cultuava a sombra em vez do sol, amava o conflito em vez da harmonia,
falava mais que ouvia, gritava, gesticulava e em pavor fugia do silencio,
Hoje... e depois daquela visita, rasgo-me em risos, e felicito o meu dia,
brinco com a rudeza do cotidiano,  e me divirto com os meus erros,
vivo o agora... a emoção do encontro e a de estar com quem se ama,
como um guerreiro... sei que é preciso ter coragem para ser feliz.
E sou...
Anos atrás recebi uma visita, tomou minhas mãos e abraçou minha alma,
na emoção do encontro, na paz que se alojou dentro do peito,
eu inadvertidamente não percebi que ela carregava algo nas costas,
somente quando saiu pela janela... num vôo livre,
percebi que era um ANJO.

Ari Mota