Não almeje dimensionar somente as coisas da conquista,
o prazer do desfrute, o despender da moeda,
a insensatez do consumo.
Não devore o tempo como se fosse o último instante,
não desfoque o rumo,
nem o viva com se eterno fosse.
Pondere os saltos, os delírios,
a embriagante jornada de estar aqui.
Seja prudente nos vôos...
mas salte profundo somente para dentro de si mesmo.
Mas antes de tudo...
Vislumbre planear o tamanho da luta,
saiba secar o suor que destila, a carne que sangra,
aceite as batalhas que se perdem, não fuja da disputa.
Suporte os medos dos duelos e a solidão dos combates,
desmistifique os vazios que acampam na alma,
plante ali mudas de resiliência.
Resista às ventanias do existir, e ao cheiro da terra quando cair.
Ataque a inércia, a indolência... sem se perder pelo caminho,
e siga seu destino sem se sentir sozinho.
Mescle o riso com a sisudez, simplicidade com altivez,
impetuosidade com calmaria, prudência com loucura
tristeza com alegria, rudeza com candura.
Olhe com delicadeza para você, e para o mundo,
e pelo que já conquistou... que tudo será muito simples,
às vezes em um segundo
a vida que é amor...
finda,
e pode não dar tempo de ser feliz
ou de dizer adeus.
Ari Mota