e dores inexplicáveis,
e todas as vezes que gotas jorravam dos olhos,
e desciam face abaixo, as depositavam em cavidades da alma,
em abismos insondáveis,
as escondiam em pingos, amontoavam-nas liquefeitas em solidão,
e em soluço, sozinho, morria de medo...
em aflição.
E fui surrado pela dúvida, hesitei no esboço do riso,
no tracejo do abraço, verguei-me ao cansaço
afastei-me do lúdico, improvisei o olhar,
em fuga abandonei o desejo, a doçura de um beijo,
fugi do improviso,
assustei-me com a incerteza do ousar.
Mas... tudo passou... como uma ventania.
Sangrei os meus abismos, esvaziei os meus vazios,
arremessei ao vento os meus soluços,
joguei fora os meus prantos.
Atrevo a ter coragem para ser feliz e amar,
às vezes em madrugadas de loucura... agonizo no gargalhar,
rasgo-me em rir... às vezes de mim mesmo.
Vago em devaneios chutando ondas na beira do mar,
brinco com borboletas azuis,
chuvisco gracejo nas minhas rosas vermelhas,
danço com minha louca bailarina ao luar.
Ando por ai... pulando de uma nuvem a outra,
belisco algumas estrelas, embriago-me de orvalho,
e em ventura... salto para dentro de mim mesmo,
em busca de horizonte, e não mais de atalho,
ouso colecionar verdades.
Hoje... além da coragem...
preciso ter força para suportar a felicidade,
e seguir minha viagem,
como um sonhador,
por que... como se não bastasse,
o destino me fez suportar em delícia...
o amor.
Ari Mota