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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ANGÚSTIA

Se ao descortinar do amanhecer...
Sair provocando magoa no riso, sisudez no olhar,
e desaperceber a essência das coisas e das pessoas, entristecer.
E em vez de pasmar ao desassombro do existir,
maldizer a vida que se renova a cada despertar.
E em êxtase não viver o instante, como se fosse o último,
e em súplica, só pedir... em vez de agradecer.
Talvez...
Quando, ao sair de casa... não apercebeu que na esquina,
alguém lhe espiava,
na espreita, tomou-lhe o equilíbrio em assalto,
esvaziou-lhe os sonhos, esgotou a sua intrepidez.
E hoje... se notar um vão abrir e deixar um buraco no peito,
e um nó brotar garganta adentro, deixando tudo estreito,
pode ser um atentado, ou a solidão agarrando-lhe em altivez.
Saiba...
Certamente, você foi acometido pelos reflexos das tuas angústias,
feriu, ulcerou em silêncio a alma,
do sol fez escuridão... do destino, desilusão.
Não conseguiu separar o choro das lágrimas,
nem o passado do presente, soluçou desmedidamente.
Não musicou o pranto, nem dele fez uma melodia,
nem as lágrimas... transformou em brisa, em alegria.
Abandonou o combate, não teve coragem de ser feliz,
ficou no abandono de si mesmo.
Estreitou-se na ousadia, no recomeço, no medo de errar,
não suportou as pancadas que o destino iria um dia lhe entregar.
Se ao descortinar do amanhecer...
Uma inquietação lhe vier fazer companhia... isso é angústia,
dói sem ferir, machuca sem sangrar, nasce sem parir.
E não terás outra saída, a não ser... iludir a própria vida,
rir em demasia, renunciar aos perigos em fantasia,  
saltar no abismo das incertezas... com todo o destemor.
E depois... ouvir os bem-te-vis, voar com as borboletas azuis,
dançar com uma louca bailarina, olhar a todos e tudo com carinho,
e para si mesmo...
com amor.

Ari Mota