quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

DESENCANTAR

O amor...
Tem que chegar sem bater,
tem que ser uma emoção que se renova,
um comover que estremeça a alma,
um ficar sem querer.

Não queira atravessar a vida...
Sem essa energia, essa que arde... sem queimar,
essa tangível dentro de um abraço, essa implícita no olhar,
essa que celebra o seu florir,
essa que em noites de solidão aninha ao seu lado,
e te aquece... e faz acalmar.

Não queira cruzar com si mesma,
na vastidão do destino e nada... encontrar.
Escolha para o seu íntimo, quem aceita as suas escolhas,
aplaude a sua doçura e delicadeza,
quem te ame com encanto e leveza,
e faz tudo ser uma descomprometida magia,
um feitiço que se apavora, dê arrepio,
mas, que dance com a sua loucura,
em noites de desespero,
e transforme tudo em encantamento, e beleza.

Distancie de quem ama o vil das coisas,
esses que quanto mais tem... estão mais vazios,
esses que já não mais cabe na sua poesia,
esses que não sentem o exalar do seu perfume,
nem pactua com a delícia dos seus sonhos,
nem da pureza da sua ousadia.
Esses que te apequena,
querem despertar o seu desencanto,
roubar-lhe a harmonia, a sua quietação,
essa alma serena,
e o mais lindo de todos os sentimentos:
- gratidão.

Não queira atravessar a vida,
com a frieza de uma companhia.
Tem que ter alguém para encadear, provocar suspiros.
E se perceberes que essa chama não mais arde,
nem mais queima, nem brilha com grande fulgor,
e nem é intemporal,
vá em busca de outro abraço,
de outro beijo, de outra cama,
tudo não passou de  um encontro ocasional,
não foi amor.
Vai...  bater asas... encantar...
Haverá muito ainda para atrever-se,
e  amar.

ARI MOTA