mas o destino as lançou no esquecimento,
não me lembro de nenhuma delas... fugiu-me da lembrança.
Não consegui... inspiração para esculpi-las nas estrelas,
nem entalhá-las no horizonte, nem estampá-las ao vento.
Foi me permitido apenas a emoção de viver esta que estou atravessando,
e em segredo, em sussurros, disse-me que tudo seria efêmero,
e que a fugacidade do existir iria interromper o riso,
cessar os desejos, calar a voz, suspender os beijos,
e tudo findaria inesperadamente, e tudo seria impreciso.
E assim... apenas com a emoção da descoberta, e o desejo de querer,
insisto... teimo em ser feliz, faço do instante incerteza,
embriago-me da duvida, e faço dela beleza,
destemido brinco com as vicissitudes, com o acaso,
sou mais hoje... que amanhã, sou mais o agora,
sou mais silencio, sou mais olhar, sou muito mais o que extravaso.
Já vivi outras tantas vidas... e sei como são tênues as horas, frágil o tempo,
não me permito o desassossego da ausência, nem a inquietação do vazio.
E em resiliência ofusco a negrura do medo, a melancolia da solidão,
ilumino minha alma todas as manhãs, em inocente inspiração.
Perpetuo minha essência na arte de construir versos, de fazer poesia,
eternizo-me em palavras, em sensações... em magia,
refugio-me em noites frias dentro de minha própria alma,
inspiro-me... em sempre ter coragem para ser feliz, sem provocar dor.
Já vivi outras tantas vidas... talvez em conflitos, talvez em imensa calma,
mas esta... decidi vivê-la melhor...
vivê-la por amor.
Ari Mota