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domingo, 22 de abril de 2012

O AMANHÃ


Um dia... e faz tempo.
Olhei pela janela do meu horizonte,
a procura do meu amanhã, das minhas perspectivas,
e atemorizei-me com a dúvida, com as incertezas banais.
Quase desisti dos combates, quase voltei para os braços do medo,
quase fiquei parado nas curvas do tempo,
esperando o passar dos temporais.
Um dia... e faz tempo.
Desconfiei da existência do meu amanhã,
do tempo que haveria de vir, do resto do meu existir.
Intentei conjecturar a sua face, incorporar o seu conteúdo,
e desapontei-me com o vazio do olhar, e nada encontrei.
Por um triz não me aprofundei na solidão,
e por pouco menos, quase fui ao desespero,
e por muito perto, quase no abandono de mim mesmo, não amei.
Mas... resiliente... e sem a certeza do amanhã,
passei a esculpi-lo dentro da minha alma,
e fazê-lo existir... antes de acontecer.
E assim... é o meu amanhã, ele é hoje, sem demora.
Amo, mesmo antes do alvorecer,
abraço... afago... acarinho, antes de ir embora.
Não quero um dia, desdizer: eu devia.
Nem tão pouco, descobrir que tudo foi muito pouco,
e que faltou fazer mais.
E depois, no lamento e na culpa,
descobrir que o amanhã é apenas uma suposição,
angustias existenciais.
Um dia... e faz tempo.
Tive que esculpir aqui dentro... o amanhã,
como sou um ser inacabado, alma destemida,
nada mais, temo.
Nem passado, nem futuro,
hoje... é toda a minha vida.

Ari Mota