sábado, 21 de fevereiro de 2015

FUI...TENTAR

Amo aqueles que se aventuram,
embrenham-se... destino afora,
e deixam sutilmente... tatuado no próprio sonho,
ou preso do lado de fora da alma...
um recado... simples assim: fui embora.
Fui tentar.
Fui repartir uma parte de mim,
fui me perder... com um... outro alguém.
Me... embebedar de delírios,
reconhecer as minhas loucuras,
enfrentar os meus temporais.
Fui... para não construir muros em minha volta,
ficar em desalinho.
Fui tentar... ter somente o que preciso...
não o que mereço,
fui ser feliz... nem que sejam lampejos,
instantes infinitos,
fui me apaixonar pela vida... só para me encontrar.
Amo quem mesmo distraído:
vai embora sem despedir,
quem não teve tempo para os desassossegos,
não conseguiu, nem sequer um minuto...
para as dúvidas,
e nunca chegou a descrer... do seu próprio caminho.
Amo... quem... desconecta de outros juízos,
e em silêncio nada pede, segue... vive em calma,
e vai embora... das coisas... dos desamores,
vai embora... dos seus medos,
vai embora... para ficar mais perto...
de quem na verdade... é,
vai embora para aprender a não ferir ninguém,
e sabe que depois de tudo...
só, dá mesmo... para levar:  a sutileza da alma.
Amo quem...
leva a vida aprendendo com os contrários,
e nas tempestades...  quando a vida sacode,
não se desespera... tranqüilo...  vira-se...
faz o que pode.
Amo... quem... foi ser o que decidiu... ser,
quem arrumou a alma para o inesperado,
sem jamais deixar no abandono... a si mesmo,
quem... semeia equilíbrio de maneira visceral,
e o que é superficial... não mexe com o seu interior,
transforma emoções instantâneas, em riso desmedido,
e atrevido... nunca diz:
o quê fazer para... que você me ame,
ama sem volta... sem troca... com a pureza do seu amor.
Amo... quem... sem desespero... vai embora,
e sem demora... deixa um recado do lado de fora da alma:
Fui tentar... ser feliz.

Ari Mota

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

BUSCO... QUEM GOSTA DO IMPOSSÍVEL

Foi nesta busca... do melhor pra mim,
que por um descuido... e distraído,
encontrei a minha alma entreaberta,
e tudo me foi permitido...
enveredei nas profundezas de mim mesmo,
despertei... este anjo adormecido,
esta leveza escondida, esta luz desmedida,
e tudo me foi crível,
e algumas das minhas verdades... descoberta.
Foi nesta busca... do melhor pra mim,
que me encontrei... e me vi assim...
um paradoxo descomunal:
frágil como um rochedo... enfrentado o mar,
dócil como um tigre... matando a própria fome,
violento como uma borboleta... provocando uma suave brisa,
destemido diante da solidão... a procura de alguém para amar,
e me descobri... profundamente raso,
escondendo o que tenho de... abissal.
Busco quem me passa coragem para viver este desatino,
amo os que já são felizes,
os que... como eu... emana um para o outro... sinergia,
sem vaidade... sem nada em troca, sem barganha descabida,
quem desassocia seus sonhos das expectativas alheias,
quem socorre o outro na travessia.
Busco... quem me faz crescer quando me apequeno,
quem me estica quando me diminuo,
quem me dá o colo... o olhar... quem me faz ir,
quem sabe abrir o peito nas tempestades ocasionais,
quem foge do volume morto desta sociedade em decadência,
quem me puxa... me levanta... me pega pela garganta,
e me estimula a prosseguir.
Busco... quem gosta do impossível,
de pouca bagagem... de nenhuma certeza,
dos que buscam uma terceira razão,
abortando as demais... só para evoluir.
Busco... aqueles que tentam de novo,
para ter tudo outra vez... sem medo,
daqueles que amam em quietude,
que chegam com brandura,
sem fazer segredo.
Bom mesmo foi... que nesta busca... do melhor pra mim,
por um descuido e distraído,
encontrei os meus amores... já felizes,
no seu interior.
Eu que busquei tanto... quis tanto,
cheguei a pensar que viver,
seria um intricar de coisas:
- E tudo me foi... muito fácil,
só tive que compartilhar...
- O meu amor.

Ari Mota