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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A JANGADA


Minha morada é de frente para o mar...
Muito embora... esteja a 260 km dele... eu o imagino,
e sua brisa vem passear todas as noites em minha pele,
chuviscar em minha alma,
sua aragem brinca de orvalhar meus cabelos,
em desalinho,
e seu azul vem luzir em meus olhos,
esplendor, delírios, e calma,
suas ondas em fúria e em estrondos,
me desperta em todas as manhãs e me acalenta ao sol,
em vespertino.
E em devaneios lanço minha jangada e saio a navegar,
vou pescar ilusões,
arremessar a minha rede em busca de sensações,
sou pescador de sentimentos.
Navego em temporais, em imensas ondas que me sacodem,
derruba-me a bússola, tira-me o norte,
faz-me perder na negrura da noite, sem medo da morte.
E tudo isso me fascina, o mar é duvida e desatino.
Em metáforas... sou jangadeiro errante,
amante do inusitado, do inesperado alento.
Resisto às tempestades, os vendavais repentinos.
E iço velas em jangadas invisíveis, fujo da solidão lacerante.
Sou jangadeiro em desvario, pescador em desafio,
busco travessias, saio ao mar em busca de aventura,
e faço dele o meu existir, uma procura.
Mas... tudo isso é pura fantasia de poeta,
que pesca emoções,
que pesca em mares revoltos:
a sutileza do riso,
a ternura do abraço
a leveza do encontro.
Saio todas as manhãs em minha jangada,
no mar dos meus anseios.
Pesco amor...
Para lhe dar.

Ari Mota