Mas eu não sabia... o destino
estava atrás de mim,
removendo o caminho,
destruindo as pontes, as
referências, os retornos...
Quando olhei para traz
encontrei um nada abismal,
não tinha como voltar sozinho,
além da solidão, do frio... e
o vazio do regresso,
morreria ao meio do vendaval.
E fui apreendendo a apagar o
passado,
mas... bom mesmo, e ao meio
de tudo isso,
foi que, consegui colocar na
minha bagagem:
Valores... de alguns, que
comigo conviveram.
Coragem... de outros, que ao
meu lado enfrentaram os temporais.
Valentia... de outros tantos,
que me ensinaram nunca desistir,
e assim tem sido minha
viagem.
Como não posso e nem consigo
voltar,
fui apreendendo a morrer...
todos os dias,
e renascer no alvorecer dos
meus sonhos, em todas as manhãs,
nelas... sempre encontro um
novo dia,
uma nova vida, um novo olhar.
E existir tem sido um acinte
a teimosia, um passeio descomunal,
não desisto...
mesmo estremecendo diante da
incerteza,
rompo às vezes o silêncio de
mim mesmo e de forma visceral,
aprendi a me destemer,
sem se acabar, ou achar que
vou morrer,
e assim... como desconheço o
voltar,
tenho ido... um passo de cada
vez, e sei que posso,
sim eu posso...
dentro de cada um, existe, “um”
outro... que pode mais,
uma... outra alma em
sobreaviso, em prontidão,
e eu acredito neste outro...
que na verdade sou eu mesmo,
que me acalenta em madrugadas
de aflição.
Houve um tempo que tentei
desistir, voltar.
Mas eu não sabia... o destino
só me deu uma direção... ir, caminhar.
Em vista disso, eu sei
somente seguir... com todo o destemor.
Vou ao chão muitas, das vezes...
e levanto...
Porque, o que busco nesta
minha passagem... aqui,
é amor.
Ari Mota