segunda-feira, 30 de novembro de 2009

LIMITE









Desde menino, naquela cidadezinha do interior,
já tinha percebido quanto o meu andar seria difícil.
Naquela época encontrei no dicionário a palavra limite.
Assustei com o significado: Extremo, satisfeito, contentar-se.
A carreguei vida a fora, a levei no bolso, nas costas.
A luta foi de tamanha intensidade, que até tornou-se nobre,
tive que dar uma outra forma no significado de limite.
Passei a interpretá-lo como fim, como a morte.
E descobri que morrer era uma coisa menor,
perverso seria não viver, viver com intensidade.
Mas,como a vida brincava comigo, brinquei com ela.
Na descoberta, mais que contrair os músculos faciais,
descobri que sorrir era muito pouco, gargalhar também.
Fiz da minha vida, uma festa, mesmo sozinho estava feliz.
Tive poucos amigos, mas os que passaram em minha vida,
bastou-se, eram por inteiro, plenos,absolutos.
Tive poucos amores, mas os que tive, os amei de todas as formas.
Em poucos bailes dancei, poucas bocas beijei, poucas camas deitei.
Mas o fiz de forma veemente, com grandeza de alma.
Fiz da minha vida um espetáculo, embora sozinho no palco,
e ao longo dos meus shows, poucos estavam na platéia,
mas,foram encenados, vividos e apresentados.
Vivi do meu jeito...dentro da minha dimensão.
Descobri que meus limites inexistiram, pura fantasia.
Viver é um horizonte, uma perspectiva.
Infinitamente uma ilusão.

Ari Mota

sábado, 28 de novembro de 2009

A MINHA ESTRADA









Fiquei exposto toda uma vida,sem portas,sem janelas.
Invadiram minha vida,meu dia,dormiram na minha cama,
usaram o meu perfume,bateram minhas asas.
Direcionaram meus pensamentos,meus livros e amores,
impuseram meus sentimentos,minhas alegrias e fé.
Até a historia me foi passada de forma errônea,
somente os vencedores é que a escreveram-na.
Invadiram o meu querer,o meu bosque,o meu jardim,
plantaram flores que eu nunca gostei,nunca reguei.
Deram-me endereços que nunca fui,nunca encontrei.
Por fim,queriam meu riso,e minhas lagrimas.
Dimensionaram o meu tamanho,minha alegria e dor.
Deram-me Deuses e preces,conceitos e preceitos.
Cansei...
O tempo cobriu meu cabelo de branco,fiquei livre.
Tive que construir uma estrada dentro da minha alma.
Ando sozinho,na velocidade e direção que eu quero.
Saio nas madrugadas,em noites de chuva,e em dias de sol.
Convido quem eu quero para passear,correr e voar.
Nesta estrada tenho construído um mundo ímpar,
sem muros,sem templos,os livros estão nas ruas,
todos podem contar sua história,sem censura.
E raça... somente uma existe,a ração humana.
No final da estrada,há um aclive para um salto.
E todos,tem o direito de arrebatar-se num vôo eterno,
em direção a liberdade.

Ari Mota

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

OLHAR CÍNICO










Houve um tempo,e faz muito,muito tempo,
eu não era prático com as coisas do mundo.
Quando menino na escola,eu ainda acreditava.
Acreditava...
Na pureza das palavras,na força dos sentimentos.
Um abraço era o encontro das almas,não de corpos.
O respeito era uma atitude,uma ferramenta do caráter.
Acreditava...
Que o País tinha respeito comigo e com os outros.
Que a religião iria afagar minha alma,nos momentos difíceis.
Que eu poderia acreditar na benevolência de alguém.
Que a verdade prevaleceria em todos os momentos.
Hoje tornei-me prático com a vida.
Existe uma transformação,vindo de dentro da alma.
O ângulo que vejo a vida hoje,é diferente.
As palavras são falsos instrumentos de persuasão.
Os discursos fáceis,iludem e mascaram os sentimentos.
Não há encontros,não há respeito,não se acha caráter.
O país nos oprime,tira-nos tudo,oferece-nos miséria.
A religião,omissa com nossa dor,hoje é apenas um negócio.
O homem tornou-se predador dele mesmo,
barbarizou-se.
O que cabe a mim tenho feito,tento sempre,tento mesmo...
Mas, não consigo fugir de uma verdade,
minha visão cínica do mundo.

Ari Mota

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

RIQUEZA








Eu tenho um amigo que esta no ápice da riqueza.
Desperta pela manha como se o mundo o observasse.
Acredita que até aquele criador de ovelhas do Nepal,
sabe de sua existência e pode um dia prejudicá-lo.
Está na verdade no auge de sua arrogância.
Com medo de ser perseguido, persegue.
Com receio de perder, jamais doa.
Como não doa, não ama.
Como não ama, esta sempre só.
Crê que riqueza é ter coisas, vive assim,
respira dessa forma, desse jeito.
Mandei-lhe um presente...
Junto mensagens subliminares.
Embrulhei o globo em miniatura,
um binóculo e estrelas em papel crepom.
O globo para que tomasse ciência,
do tamanho do lugar onde vive,
vive ele e os outros, um lugar comum.
As estrelas,para que com o binóculo,
pudesse olhar para o céu,
e ver a amplidão do firmamento,
e perceber sua pequenez.
Soube,que nem abriu o presente...
E que ainda acredita, que pobreza é falta de dinheiro,
e não circunstância.
E sai pela manha, agredindo o porteiro do prédio.
Na hora do almoço menospreza o garçom.
E no final do dia desdenha o frentista.
Isto... é pobreza.
E continua acreditando que é o centro do universo.
Ele continua meu amigo, e continua cada dia menor.

Ari Mota

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A DERIVA









Quando você se foi...
Fiquei no meio do mar da minha vida, só.
Um temporal tomou meu barco.
As ondas batiam na proa com violência.
Quase não conseguia segurar o leme.
Olhei a estibordo, você não estava,
eu precisava tanto da sua presença.
Ouve um dia que a vi, a bombordo me olhando,
pura miragem de marujo perdido.
O vento frio do mar entrava na alma,
e a chuva escorria face abaixo.
Quando aquele temporal foi embora.
Meu barco em pedaços, ainda flutuava.
Eram fragmentos por todos os lados.
Procurei você em todos os cantos.
Não te encontrei...
Perdi minha bússola.
Não tinha mais nada, nem sul, nem norte.
Estava a deriva.

Ari Mota

terça-feira, 24 de novembro de 2009

PORTA ABERTA









Eu e minha alma agendamos uma reunião,
fomos discutir a relação,
de mãos dadas, olhando para o infinito,
as vezes contávamos estrelas,
as vezes riamos,as vezes contávamos borboletas.
Foi uma reunião magnífica.
Acordamos retirar de nossas vidas, todas as portas.
Escancarar nossa moradia, e deixar entrar todos os ventos,
e eles poderiam entrar casa adentro, livres, sem temor.
Convidar todos os seus amigos, inimigos, iguais e diferentes.
Desfilar com todas as cores, com todos os gestos.
Poderiam voar, pular, correr e sorrir.
Depois...
Fomos para a nossa biblioteca, eu e ela.
Decidimos suprimir algumas palavras, do nosso dicionário.
A intolerância foi a primeira... a retiramos prazerosamente.
Logo em seguida retiramos mais uma, depois mais outra,
Assim foi quase que o dia todo... e foram muitas.
Nosso dicionário ficou pequeno, diminuiu.
Ficamos com paginas em branco.
Resolvemos...
eu e ela, que ali iríamos reescrever nossas vidas,
novas rotas, novos vôos, nova estrada.
Que os descaminhos do passado,
seriam alicerces de um novo tempo.
Acordamos também, não retirar do nosso dicionário
a palavra Tristeza.
Para que jamais a esqueçamos...
como nossa moradia não tem porta,
pode ser que um dia ela queira entrar sem bater.

Ari Mota

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

BAILE A FANTASIA








A vida é um baile a fantasia,
vi desfilar todas as mascaras,
uns dissimulam o personagem,
outros vivem-no, na íntegra.
Há quem retire sua roupagem, vez por outra.
Há, os que não a retiraram nem no sonho.
Vivem toda uma vida mascarados,
quando de frente para o espelho, assustam,
já não sabem, quem está do outro lado.
Vi mascaras que produziram desamor e ódio,
outras injustiças, outras tantas:
Mataram.
Perseguiram.
Destruíram.
E poucos vivem sem elas.
As mascaras disfarçam os medos,
as deformidades da alma,
as imperfeições do caráter.
Deslocá-las da face requer ousadia,
honradez, virtude.
É necessário vivificar uma nova existência.
Elas estão em todos os lugares, em todos rostos.
Uns fantasiam-se de lideres, outros de Deuses.
Não há quem, com coragem, para retira-las da cara.
E viver uma vida pautada na verdade.
A vida é um baile a fantasia...
A minha está guardada no sótão da minha alma.
Não tive coragem de usa-la.

Ari Mota

domingo, 22 de novembro de 2009

WOODESTOCK








Encontrei um velho amigo.
Ele estava acompanhado do passado.
Tive a impressão que ele estava chegando
de Woodstock a pé.
Falamos daqueles tempos de inocência.
Tempos que embriagávamos de sonho,
e exalávamos liberdade.
Iríamos mudar o mundo e as pessoas.
As mãos seriam para o toque e para o abraço.
O olhar seria infinitamente terno e puro.
As palavras seriam para poetizar o amor.
E o homem mais justo.
Falávamos de evolução da raça humana.
Tempos de exaltação a arte, e ao amor.
Quebra de paradigmas,
De muro.
De preconceitos.
E invariavelmente, de uma infinita paz.
PERDEMOS...
Hoje as mãos continuam matando.
As pessoas se olham com mais ódio.
E as palavras são instrumentos de ofensa.
Exaltam a ignorância e a pequenez.
Construímos muros em nossas almas.
Ficamos intolerantes...
Ficamos menores...
Naquela noite tive um sonho.
Vi dois fantasmas na praça: Janis Joplin e Jimi Hendrix.
Estavam contando estrelas.
Apavorado...
Abri meu palco virtual.
Fui assistir: Joe Cocker cantar With a Little Help From My Friends.

Ari Mota

sábado, 21 de novembro de 2009

O ANDARILHO









Na minha cidade tinha um andarilho,impar.
Perambulava pelas ruas, e pela vida.
Estava em todos os lugares, silenciosamente.
Carregava um enorme mistério,
e o único sentimento que podíamos perceber,
era em sua face, tinha um sorriso eterno.
Não esboçava nada além de um sorriso,
ria de tudo, a impressão é que ria de todos.
Não o víamos alimentando,
tínhamos a impressão que se alimentava de luz.
Como as pessoas perderam o sorrir,
isso o fazia diferente...era pura alegria.
Somos perversos com quem difere da massa,
na verdade olhávamos para ele com desdém.
Tínhamos diplomas,posses e relacionamentos.
E ele só tinha aquele sorriso e alguns amigos:
Sempre um cão e algumas borboletas.
Além do sorriso, tinha a fidelidade dos amigos.
Mas um dia ele teve que partir.
Morreu sem atendimento no hospital...sorrindo.
Quem chorou de saudade...
Foi o seu cão e algumas borboletas.

Ari Mota

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CONSTRUTOR DE CARAVELAS








Conheci um homem que construía caravelas.
Uma arte jamais vista.
Eram caravelas em miniatura.
Detalhes além da percepção comum.
Paciência, resignação, perseverança.
Qualidade incomum de um artista anônimo.
Certa vez, uma das caravelas caiu,
espatifou-se, pequenos pedaços ficaram pelo chão.
Aquele homem sorrindo, recolheu um por um,
como se fora um quebra cabeça.
Disse-me, que era a primeira vez que ele
iria reconstruir uma de suas obras.
A felicidade estava em seu rosto,
ele me dissera que, era o que lhe faltava.
Toda uma vida construindo,
era tempo de reconstruir.
As caravelas eram a metáfora da sua vida,
Construí-las era como se a vida,
desse-lhe a oportunidade de existir,
e reconstruí-las, a oportunidade de continuar.

Ari Mota

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O TEMPO











O tempo evidenciou rugas em minha pele,
e pintou o meu cabelo de branco.
Ele entrou peito afora,
intimidou minha alma,
achei que não iria conseguir,
conseguir vencer as etapas,as fases,
vencer os dias, as noites infinitas.
Mas, também foi meu mestre,
discorreu sobre as verdades da vida,
a transitoriedade do sucesso,
e o quanto, fracassar nos faz renascer.
E todas as vezes que ele impeliu minha alma,
foi para o crescimento, aumentei de tamanho.
Hoje...
Habituei-me as rugas e aos cabelos brancos.
Estou no tempo da contemplação:
passaram por mim tanta beleza,
tanta ternura, tanto amor,
não os vi por falta de tempo.
Mas, hoje percebo tudo que passa,
o que passa em frente aos olhos e na alma.
Amo com mais intensidade, vivo também.
Descobri as borboletas, o vento no meu rosto,
a sutileza de um olhar, e o amanhecer.
Na verdade estou no tempo da descoberta.
E descobri que minha vida é um espetáculo imperdível.

Ari Mota

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O PALCO E A MÁSCARA










Quando despertava a consciência do existir,
deram-me, um palco e uma máscara.
O palco seria o espaço da existência:
os caminhos a percorrer, as batalhas,
os amores, as derrotas e vitórias.
A máscara seria para interpretar,
os personagens no teatro da vida.
Iria mensurar as minhas dissimulações,
apresentar minhas inverdades,
demonstrar o tamanho da minha vilania.
A máscara iria omitir, esconder,
a exatidão da minha natureza.
Minha abordagem para a máscara,
foi de retê-la em minhas mãos.
Não iria permitir o uso de tal instrumento.
O palco chamei de minha vida.
E a vivi sem muita dramaturgia.
Cada ato, cada gesto, cada expressão,
procurei vive-los de forma singela.
Os atos foram ternos, sutil e humanos
Os gestos simbolizaram equilíbrio e paz.
As expressões foram palavras de amor.
Fiquei toda a minha vida com a máscara na mão,
não a levei ao rosto em nenhum momento.
Estava cansado de ver todos usando a sua.

Ari Mota

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A LOUCURA









Uma fronteira tênue separa lucidez e loucura.
Como procurei lucidez vida afora,
tive um surto dia desses.
Mas, na verdade foi um grande vôo.
Primeiro uma rasante dentro da alma.
Fui assistir o filme da minha vida,
as cenas não eram tão medíocres,
não tinham a grandeza de Hollywood,
mas, dentro da minha pequenez , ficaram lindas.
Depois, dentro de uma mochila coloquei loucura.
Fui passear pelo mundo...
Em Roma na Piazza Del Popolo, dancei nu,
claro, com aquela bailarina louca.
A pé, fomos a Paris, e na champs-Élysées,
corremos, gritamos, amamos ao luar.
Roubamos uma bicicleta na Praça da Concórdia,
ela, uma borboleta e eu, fomos para Madri.
Tentei domar um touro no Monumental Del lãs ventas,
quase que morri, ela me salvou com beijos.
Fomos refletir sobre a vida, de mãos dadas,
pelos caminhos de Santiago de Compostela,
como dois peregrinos, dormimos em frente a catedral,
pela manha uma orquestra de borboletas,
tocou Adágio de Albinoni ,acordamos sorrindo.
Sorrindo para a vida...felizes.
Passamos por todas as praças do mundo,
das mais belas, as mais livres.
Assistimos musicais, arte e loucura.
Chegamos... nossas praças, não são nossas.
Eu, ela e a borboleta ficamos com medo.
Lá dormíamos em Albergues.
Aqui levaram-nos para o Hospício.

Ari Mota

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

ABISMO








Entre eu e ela a distancia era pequena,
o que na verdade nos separava,
era um abismo profundo.
Como acompanhar aquela mulher, toda uma vida.
O meu grande medo,
era um dia ser absorvido pelo vazio,
pelo meu vazio.
Ela tinha o tamanho do mundo,
percepção clara dos caminhos da vida.
Intelectualizada, sem soberba.
Rica em essência...
sabia da fugacidade dos aplausos.
Compreendia as diferenças humanas.
Na simplicidade, mostrava robustez de alma.
Era grande no pensar e no agir.
Não consegui acompanha-la.
Minhas habilidades de guerreiro,
eram incompatíveis em suas batalhas.
Ela, era maior que ela mesma.
Sutil, tinha um olhar visionário.
Sagaz, vivia o amanha.
Beligerante, construía seu próprio andar.
Não consegui transpor aquele abismo.
Ela certa noite, num beijo terno,
fez as malas e partiu.
Seu olhar do outro lado do abismo,
ainda era de amor.
E o meu também.

Ari Mota

domingo, 15 de novembro de 2009

A FUGACIDADE DO AMOR
















Eu me lembro...
O primeiro encontro tinha encantamento,
tomava-se as mãos, sentia o calor da pele,
tocava levemente a face num beijo suave.
Tinha-se uma explosão na alma,
percebia a sutileza do afago,
a pureza do tocar de corpos,
existia os olhares, sentimentos.
Exalava-se amor...
Percebia a essência dos perfumes,
tínhamos nossa musica, nossa flor.
O jardim nos recebia em festa,
e depois minha maior ousadia,
roubar um beijo daqueles lábios.
Êxtase da alma, inicio de uma paixão.
A descoberta um do outro.
Hoje...
Inicia-se pelo fim...
Uma noite, uma balada, uma cama de motel.
Ausência de encontro e de toque.
Ausência do perfume da pele.
Encontros abruptos, sem abraços, afoitos.
Beijos químicos, sem olhares.
Amor fugaz...sem poesia.
Nada fica, nada permanece.
Ela vai embora, e não se pergunta nem o nome.
A noite estava vazia, e assim termina.
Sem amor...escura.

Ari Mota

sábado, 14 de novembro de 2009

O GARIMPEIRO POETA









Nestas noites mal dormidas,
resolvi tornar-me garimpeiro,
como não tenho posses,
fui trabalhar dentro da minha própria alma.
Com muita dificuldade consegui entrar.
Foram dias duros,noites em claro.
Cada tesouro destinei um sentimento:
O Diamante representou a solidez da minha vida.
A Esmeralda me dava a esperança.
A Ágata a coragem que sempre tive.
A Pérola minha eterna força.
O Rubi meu equilíbrio diante das adversidades.
A Safira os meus amores.
A Topázio a inteligência de sobreviver cada dia.
A Turqueza a harmonia com pessoas e as borboletas.
A Onix a lealdade nas minhas batalhas.
A Ametista a felicidade eterna.
A Água Marinha a tranquilidade que eu necessito.
Desses tesouros um,eu não encontrei.
Você...
Um aventureiro a levou.
De garimpeiro tornei-me poeta.
Exploro sentimentos.
Meu maior tesouro, minha pedra preciosa,
chama-se saudade.

Ari Mota

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A LOUCA BAILARINA




















Houve um tempo em que eu esperava.
Esperei , quase uma vida.
Fiquei na esquina muitas vezes, a espera.
Já esperei um amor,
um abraço,
um beijo,
até esperei a chuva passar.
Hoje, não dou tempo a mim mesmo.
Amo com toda a intensidade,
com todos os afagos,
com os poros, com suor.
Não espero o amor, vou até ele.
Abraços, distribuo todos os dias,
abraços os meus amores, e os que não são,
já abracei até quem não devia, mas abracei.
Beijos... já até roubei alguns,
foram bocas proibidas, mas beijei.
E a chuva....
Quando chove saio dançando,
como Fred Astaire.
Esses dias...
Uma louca convidou-me para dançar,
fomos dançar em São Tomé das letras,
eu e ela dançamos a noite toda.
Leve,solta...dancei com a felicidade.
Bailarina louca, louca bailarina
Hoje nem a chuva me faz esperar,
sou feliz na chuva, na esquina
em qualquer lugar.

Ari Mota

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

UM OLHAR PARA A VIDA















Em retrospectiva...
Viveria tudo novamente.
Não faria diferente.
Possivelmente, melhor.
Não alteraria uma palavra,
um gesto.
Sentiria todas as emoções,
as que me demoliram por dentro,
e as que aliviaram minha alma.
Derramaria todas as lagrimas,
algumas, rolaria fase abaixo,
e outras iriam novamente para dentro do peito.
Sentiria todos os medos,
perderia todas as batalhas que perdi
e me alegraria com as poucas de venci.
Amaria com a mesma intensidade,
como amei...sem pedir,sem cobrar.
Cresci neste período.
E tudo isso...
Tem me feito melhor.
Tenho a sensação que estou encerrando,
a minha vida de uma forma magnífica.
Em minha alma, não tem rancor e nem ódio.
Não dissimulei afeto.
Vivi dentro de uma verdade.
Amei...as crianças, os adultos,
os loucos, e as borboletas.
E invariavelmente a mim mesmo.

Ari Mota

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

FUGIR
















Fuja, dos que querem um selo
de qualidade em você.
Não permita,que interfiram
em seus amores,
que desvendem seus sonhos,
que abram trilhas para seus caminhos,
que imponham sua fé,
cerceiem sua liberdade,
movimentem suas asas,
e direcionem sua rota...
Escolha sua própria estrada.
Cometa você, seus erros,
os corrija também.
Fuja...
Dos falantes, dos discursos,
dos moralistas de plantão.
Ame com toda a intensidade,
de varias formas e com todo sentimento.
Sonhe da maneira que lhe convier,
sonhar é o único alimento da vida.
Abra uma trilha em cada dia,
até encontrar seu destino.
Sua fé tem que emanar de dentro da alma,
os templos são apenas negócios.
Sua liberdade estará no bater de suas asas.
Não permita...
um selo de qualidade em você.
Fuja, dos que querem que você,
não seja você.

Ari Mota

terça-feira, 10 de novembro de 2009

DESISTIR
















Desisti...
Aportei meu barco na praia,
pedi que ela desembarcasse.
Dei a ela, flores e sentimento.
Olhares de carinho e afago.
Abraços aquecidos.
Beijos ardentes.
Tomamos vinho ao luar.
Recitei até poemas de amor.
Dei-lhe,um espaço em minha cama.
E a coloquei aquecida dentro da minha alma.
Mas, percebi que era pouco,ínfimo.
Ela queria coisas, palco e aplausos.
E no meu barco, era só eu e ela.
Tínhamos apenas como companheira,
a solidão do mar.
E aplausos, que eram constantes,
vinham das ondas em noites de luar.
Seu olhar sempre distante,
não me pertencia, jamais foram para mim.
Tive que aceitar os seus desejos.
Desisti...

Ari Mota

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

LIVRE










Olhares de desdém,
combati com olhares de ternura.
Atitudes agressivas e gritos,
combati com gestos suaves e silêncio.
Como um foragido,
corri dos fanfarrões, ditadores,
e dos intolerantes.
Afastei-me, dos que queriam cercear meu vôo.
Livre...
Não me vinculei a dogmas ou preceitos.
Jamais uma corrente, acorrentou minhas asas.
E jamais construí muros em minha alma,
a tenho por inteiro.
De tudo isso... a intolerância foi a mais feroz.
A combati desde menino.
Sinto-me hoje, mais livre do que antes.
Escapei-me de ser intolerante:
Descobri que as diferenças humanas,
resultam em beleza e prosperidade,
principalmente quando cada um,
constrói seu próprio andar.

Ari Mota

domingo, 8 de novembro de 2009

AMOR INTEMPORAL



















O tempo passou...
E eu me adaptei ao inusitado,
Aos temporais em alto mar.
Por muito tempo fiquei sem um porto.
Adaptei-me a rudeza do cotidiano,
a sordidez da raça humana,
a indiferença.
Adaptei-me as intempéries da minha alma,
as ausências,
os desencontros.
A vida sutilmente fluiu.
Só não me adaptei a sua ausência.
O tempo passou...
Achei que em minha caminhada,
ao olhar para o lado, ia encontrá-la,
e jamais estaria só.
Não dissimulei afeto, te amei.
Pensei que nosso amor escaparia ao tempo.
Busquei um amor intemporal.
De outras vidas...
Não encontrei...

Ari Mota

sábado, 7 de novembro de 2009

UMA VIDA SEM VOCÊ















Fui passear lá dentro da minha alma,
e te encontrei encolhida num canto.
E pelo que pude perceber, já fazia um tempo.
Eu me lembro, você foi embora um dia,
e não me disse adeus.
Naquele momento, eu me recordo,
minha alma ficou vazia.
E eu me pergunto, por que você voltou.
Por que esta ai, a me olhar.
Passei um tempo a sua procura,
na verdade quase que toda a minha vida.
Acostumei com sua ausência,
minha alma moldou-se, à sua falta.
Não consegui renunciar a minha dor.
Quando olhei alma a dentro, te encontrei.
São fantasmas do passado.
Meras lembranças.
Traços de um fim,
sombras de um corpo virtual.
Encontrei sua presença, em meus delírios.

Ari Mota

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

RESISTÊNCIA
















Em retrospectiva... minha vida,
tem a forma de uma batalha.
Foi vivida cada luta,
cada dia.
E em cada amanhecer colhia os cacos.
E as pressas preparava-me para a próxima luta.
Embora não designado,
transformei-me em soldado de Infantaria.
Foi necessário estar no front.
Olhava diretamente nos olhos do inimigo,
e foram muitos, uns corajosos, outros tantos ...covardes.
Não sabiam a beleza da luta, a nobreza da derrota,
e tão pouco como é insignificante a vitória.
Lutavam para destruir, não para crescer.
Cresci neste tempo.
Época de escassez.
De solidão.
De enrijecimento da alma.
Mas, como soldado de infantaria,
Quebrei todas as pontes que passei,
para jamais voltar ou ser alcançado.

Ari Mota

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PACTO COM O TEMPO









Fiz um pacto com o tempo.
Acordamos... antes que ele me roube a lucidez,
me permita ter acessos de loucura.
Vivi sempre na normalidade.
Não contei estrelas, em noites de chuva.
Tão pouco recitei para Fernando Pessoa.
Nem andei descalço com Pablo Neruda.
E não fui a machu picchu com Clarice Lispector.
Não me embriaguei em dias de solidão.
Não tive surtos de raiva, e nem de ódio.
Aceitei a vida como me foi apresentada.
Bem que acompanhei alguns malucos,
mas foram meros acasos,
conheci o Profeta Gentileza e Raul Seixas.
Andei lendo: Osho, Nietzsche e outros.
Mas sempre estava lúcido.
Fiz um pacto com o tempo.
E lhe pedi loucura.
Loucura pra ficar livre das amarras,
fiquei preso as normas e aos conceitos.
Pedi ao tempo que esquecesse de mim e eu dele.
Pelo menos daqui até o final.

Ari Mota

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O TEMPO DA CONQUISTA








Houve vários tempos em minha vida.
Mas o pior deles, foi o da conquista.
Não sabia na verdade o que conquistar.
Achei que seria coisas,
logo depois, achei que seria poder,
e depois alguém.
Afoito, sai pelas ruas do mundo,
como um conquistador.
Mas...
As coisas que conquistei, são falíveis,
jamais poderei leva-las em todas as minhas vidas.
O poder só encontrei na espada e no sangue,
e ele se legitima, quando ancorado no respeito,
e na capacidade de liderar.
Conquistar alguém foi minha maior pretensão.
As pessoas são livres.
Tem seu próprio vôo.
Tem suas próprias escolhas.
Hoje estou no melhor do meu tempo.
Estou conquistando minha própria alma.

Ari Mota

terça-feira, 3 de novembro de 2009

RENÚNCIA
















Tive que renunciar a um grande amor.
Necessitava de cumplicidade na minha vida.
Ela queria apenas passar um tempo ao meu lado.
E um tempo é muito pouco.
Eu queria uma vida toda.
Todo o meu sentimento seria somente dela.
Ela não entendera o meu amor.
Fútil, procurou outros braços.
Transformei a renuncia em força,
força para suportar o sozinho,
força para suportar o frio da noite,
força para continuar com a alma vazia.
Hoje, ainda corre em minhas veias,
aquele infinito amor,
aquela infinita renuncia.
Renuncia dela, e de mim.
Renuncia de todos os dias e todas as noites.
Estou sozinho...

Ari Mota

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

INTERVALO
















Não percebi a chegada,
não entendi a vinda,
não sabia por que estar aqui.
Nasce uma alma...
Apresentei-me pra vida.
Mas, logo apresentaram-me a partida.
Diziam que teria que ir embora.
Chamaram isso de Morte.
Entrei em desespero, não queria partir.
Depois de um bom tempo.
Percebi que entre o inicio e o fim, tinha um intervalo.
Chamei isso de vida.
Desde então minha vida é apenas um intervalo.
E não tenho muito tempo.
Preciso ser feliz, agora.

Ari Mota

domingo, 1 de novembro de 2009

A PERDA DO RASTRO















Pactuamos não perder o rastro um do outro,
tudo em nome do amor.
O tempo fugaz como sempre,
não nos esperou,
nem disse-nos que já era hora.
Amedrontados, os rastros desapareceram,
ficamos perto, muito perto, ficamos juntos.
Amar.
Entregar-se.
Repartir as lagrimas.
Abrir sorrisos.
Descobrir a infinita resiliência de cada um.
E amparar mutuamente os segredos da vida.
Não foi possível tamanha cumplicidade.
Anoiteceu...
Um vento frio esfregou em meu rosto,
entrou alma a dentro.
Tive medo do amor.
Os rastros continuam em nossas vidas.
Só que hoje em direções opostas.
O medo venceu o amor.
E ela partiu...

Ari Mota