domingo, 24 de junho de 2012

PROVER A ALMA DE SONHO

Para todos os reinícios... recomeço,
arrisque mais um tanto... e depois mais uns...
sem desistir nenhuma vez.
Todavia, se a incerteza acomodar ao seu lado, como uma ventania,
use a força do vendaval para mudar, sair do lugar,
descortinar todas as duvidas, e desnudar o talvez.
Nem que irresoluto, esteja com medo, nem que o peito arda de solidão,
ou que a insônia traga desespero... e a madrugada roube a ilusão.
Não permita... esvaziar a alma,
pode ser que você passe a consumir a si próprio,
e, ficará... vazios, onde deveriam existir sonhos.
E de todas as patologias... a autofagia da alma,
é a mais perversa delas, a que vai lhe abater,
e subtrair-lhe a calma,
não só nesta vida, como em outras que viverá,
não se deve fugir dos combates, dos embates que o dia nos dá,
se o fizer neste existir... morrerá para sempre,
ofereça resistência... arrisque mais uma vez.
Reabasteça a alma para as intempéries do destino,
destes invernos que chegam sem avisar.
Recolha-se, realinhe-se...
Faça uma reengenharia no olhar,
traceje um novo caminho, nem se sozinho,
tiver de continuar.
Existir é assim... tem suas estações.
Prepare-se, são sucessivas transformações,
a vida tem seus invernos, mas também seus verões.
Não esqueça, de prover sua alma de sonhos,
se, vazia... terás que nutrir-se, da sua própria substância,
e tênue é nossa energia.
E existir é assim... tudo, num tempo muito curto, pode esgotar.
Proveja de sonho... a sua alma,
arrisque mais um tanto...
Continue... nada termina... nem o amor, nem as batalhas,
só mudam de tempo,
e de lugar.

Ari Mota

sábado, 16 de junho de 2012

A FORÇA DA ALMA

A vida é uma grande arte... e inacabada,
não tem como dar a última demão,
ela sempre terá que ser retocada.
E todas as vezes que o silencio anteceder a calmaria,
olhe para dentro...
abra o peito, arranque da alma toda a força,
equilibre-se em si mesmo, rompa todos os temores,
e prepare-se, um dia... inadvertidamente,
pode ser que você seja interrompido pelo barulho das ventanias.
E assim tem sido a minha vida, não será diferente da sua.
Portando... avigore a coragem,
no isolamento da noite, ou nos passos na rua.
Quando tirarem-lhe o chão e não ter aonde ir... nem ficar,
ainda lhe resta uma vicissitude... voar,
e isso é só para quem sonha, e sonhar é possuir asas invisíveis.
E depois... ria de si mesmo e recomece... tenha a avidez do recomeçar.
Quando a aridez do caminho lhe fizer companhia,
e a solidão lhe abraçar em agonia,
olhe para frente, levante o olhar.
Você é maior que todos os universos, maior que o infinito,
ouse no desafio... ao inusitado, nem que seja no grito.
E o que você precisa é uma correção de rumo,
uma trajetória mais lúdica... a vida tem que ser um prazer,
mesmo quando acabar o caminho e no intimo sentir-se... sozinho.
Existir é a arte de se refazer...
E tudo fica ínfimo, tênue: ganhar ou perder,
se tudo é uma ilusão... até perder-se em solidão.
Abra o peito, arranque da alma toda a força, e siga,
desapareça ao meio das ventanias, em busca dos sonhos.
Abra o peito, arranque da alma toda a força,
e se nela ficar vazios... e para não perder a ternura,
à preencha de alegria e brandura,
sem perder todas as outras grandezas:
um abraço, um beijo ardente, uma cama quente,
e o voar das borboletas, o bem-te-vi, o beija-flor,
mais se, contudo, nos reinícios... inda ficar vazios,
coloque na alma, mais...
amor.

Ari Mota

domingo, 10 de junho de 2012

A DISTÂNCIA DO NOSSO AMOR


Eu às vezes te procuro...
Só a encontro do outro lado da distância que nos separa,
e eu a queria assim... abraçada, a minha alma,
quase dentro de mim.
Hoje, a cama em desalinho... reclama por você,
e a insônia invade a minha calma.
E eu tento mensurar o tempo que dura a sua ausência,
e na descoberta vejo que não tem fim.
Às vezes encontro um intervalo entre nós,
um “nada” que nos envolve, uma dor imensa,
uma saudade... sem partida,
um adeus... sem despedida,
um “quase nada” entre eu... e você.
São vazios desnecessários, solidão descabida,
eu às vezes te procuro...
Só a encontro do outro lado do sonho,
como uma miragem, uma aragem desvalida.
O amor precisa pactuar o nosso encontro,
um tem que sentir o perfume do desejo,
o outro... abraçar, sentir a pele, o sabor do beijo.
Eu às vezes te procuro... necessito da sua singeleza.
E só... a encontro do outro lado... fria... na tela de um computador.
Mas, o que eu queria... era um passeio de mãos dadas.
Eu queria o toque, contar minhas histórias,
ouvir as suas, e depois... enlouquecidos,
dançar ao meio das borboletas, rir... chorar,
e em desvario... abraçar teu corpo, amar.
E depois, roubar-lhe um suspiro e lhe ofertar uma flor.
Eu às vezes te procuro...
E... só encontro o abandono que nos separa,
a distância do nosso amor.
Tudo isso, são delírios de um poeta,
que em saudades, encontra... vazios,
precisa da suavidade do aproximar-se, do calor da alma.
E você... está sempre do outro lado, distante,
escondida... na indiferença de um monitor.

Ari Mota

domingo, 3 de junho de 2012

ACENDER A PRÓPRIA LUZ


Se ficares olhando em retrospectiva...
E não conseguir mensurar as mudanças da alma,
e um desassossego insistir em ficar e demorar a sair,
e depois, uma angustia descabida, uma dor desconhecida,
apossar do riso, e fazê-lo afogar no próprio vazio, sem sobreaviso,
e uma ausência de si mesmo... transformar tudo em escuridão.
Talvez... sua trajetória não foi evolutiva... inerte,
não caminhou em busca da própria luz,
ninguém nasce o que é... tudo é feito de mudanças:
Altera-se, aprende, perde, caminha sozinho,
seca as lagrimas, as devora em noites de desespero,
ri, e continua...
Viver é provocar o medo...
é aprender a existir até com o arrepio da solidão.
E o tempo nada ensina, se dele nada extrair.
A vida é como um túnel... a luz sempre estará um pouco adiante,
como se fosse um horizonte.
E para alcançá-la... tem que quebrar todos os paradigmas,
desprender-se de todas as verdades, e de todas as mentiras,
refazer todos os caminhos, renavegar em todos os mares,
reparar todos os abraços, reconstruir todos os olhares.
E viver é isso... é uma empolgação descomprometida,
é um... agarrar ao imponderável fim... e assim,
vividamente... desprender, de todos os temores, e hesitação.
Acorde sempre com saudade do poder que você nunca teve,
e desafie você mesmo... ao novo, ao inusitado,
só você, sabe... quem és, esta busca é só sua.
Abandone tudo que te capture, te ofusque, e que não te seduz,
desapegue da pequenez dos que o tratam com desdém,
e não reconhece a sua própria luz.
Só quem se liberta... evolui.
Seja de suas asas... o gestor,
faça da sua alma, luz...
amor.

Ari Mota