Dia desses... após uma conversação,
alguém me disse: como era no seu tempo?
Em silencio escapou-me um sorriso que me tirou o jeito,
tomado de pasmo, sem estar pendurado na dúvida,
entendi ser apenas um conceito.
Tolerante que sou... complacente, flexível,
olho com docilidade as diferenças,
e salto livre nos abismos que separam as gerações.
Bem sei... que o tempo andou desgastando minha beleza,
alvejou a pele... a deixou meia que pálida,
disfarçou a cor ao rosto,
perdi o ruborizar da meninice, sem se magoar com o que passou,
não fiquei enroscado em lembranças, ou perdido em recordações.
Logo...
Atrevo-me, a abandonar pelas margens do meu existir,
os meus incômodos,
meus medos,
o que não posso fazer voltar.
Pertenço ao presente... sou do agora,
sou hoje, o passado é apenas alicerce,
minha estrada... construo a cada amanhecer,
em cada forma de amor, em cada maneira de amar,
refaço todos os dias minha visão de mundo... de mim,
por isso...
Se... querem me ver, me achar, identificar-me,
aprofundem na contemplação.
Não sou o que aparento,
sou o avesso,
sou o de dentro.
De mim... só a alma vale.
Ari Mota