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sábado, 14 de julho de 2012

ANTAGONISMO DO CAMINHO

Um dia...
o destino inadvertidamente esqueceu em meu caminho:
uma caneta e uma espada.
Confesso... a espada brilhou nos meus olhos,
sua lamina com a agudeza dos seus gumes, deu-me coragem,
atrevimento.
Até pensei que doravante meus confrontos, meu corpo-a-corpo,
seria de um soldado de infantaria e iria me trazer todas as vitórias,
em contentamento,
e eu iria combater em todos os terrenos com todo o destemor.
Por um tempo a portei no coldre, a carreguei no ombro,
deu-me força, vitalidade.
Houve um momento... com ela em punho,
quase... sai por ai, julgando os outros sonhos,
e sentenciando outros vôos, este é meu testemunho.
Mas... sorte que nunca a usei, nem a desembainhei em luta,
e com ela nunca feri, nem sangrei.
E o tempo passou... ela não só pesou no corpo, como na consciência.
Um dia... em desilusão a abandonei pelo caminho.
E em delírios... resolvi utilizar a caneta, transformei-me em poeta.
Obvio é... sou quase uma peça de museu, uma coisa em desuso,
sou um escritor prolixo, um escriba difuso, com uma rima em abuso.
Transcrevo linhas atrevidas, teclo sempre a palavra: amor.
Sou às vezes obstinado, repetitivo... em dizer:
É preciso ter coragem para ser feliz, sempre.
Minha escrita é lúdica, quase incompreensível, ataco sem machucar,
sangro às vezes sem ferir, travo diálogos com a própria alma.
Redijo somente para os loucos, e aos que ainda insistem em amar.
Falo aos que ainda conseguem ver as borboletas, os anjos,
e dançam com loucas bailarinas, se emocionam diante de um Jequitibá,
e em devaneios extasiam-se perante uma flor.
Componho para os que tracejam um caminho, em esperança.
Para os que jamais irão abrandar a luta, ou desistir,
poeto para os que dançam com o medo,
e não fazem segredo do seu aguerrir.
Sei que é pouco... ínfimo até,
mas, falo para os que sabem dos perigos do cotidiano,
e sem engano, continuam... enfrentam os temporais,
o mar bravio... as incertezas do destino, os ventos... a maré.
Um dia... abandonei a espada, que todos a tem em mãos,
a portam como um troféu, um símbolo de poder,
e ficam assim, toda uma vida, e são... mais um na multidão,
perambulam como autômatos... nesta coletiva solidão.
Eu... virei poeta, silêncio... olho para a vida com amor,
sou quase isolamento... em tudo encontro beleza,
poetizo a vida... com singeleza...
hoje, sou contemplação.

Ari Mota