quarta-feira, 1 de junho de 2016

OS VELHOS MEDOS

Vi... toda a aridez da minha alma,
escapar... perder-se ao meio dos acasos,
morrer entre todos os meus silêncios,
aquietar-se com os gritos emudecidos,
que não dei.
Vi... todo o desnudar dos meus mistérios,
descortinar... abrir-se aos teus feitiços,
e ressurgir entre os meus devaneios,
e impor quietude na minha solidão,
remoçar o que passei.

Vi... entre a ternura do meu gesto,
o aperto... e a leveza dos meus abraços,
e teus suspiros enroscar em nossas noites,
e adormecer... ao meio dos nossos desejos,
desfigurar os velhos medos.
Vi... que buscamos... só o que nos encanta,
embora... alguns horizontes estejam mais distantes,
aproximamos em demasia um do outro,
fundimos nossas almas, pressentimos o mesmo eco,
e trocamos confidências dos nossos segredos.

Vi... toda a fugacidade do destino,
fugir... esquivar-se da minha loucura,
mas, fiquei ali... ao teu lado, como um vestígio,
com os meus delírios, eternizando o nosso encontro,
seduzido pela pureza... da nossa inocência,
que...  como uma tatuagem... já está presa ao infinito,
e plena... flui, como se não houvesse fim.
Vi... que não carrego mais os velhos medos,
que arrastei em outras vidas:
de não ter essa magia,
esse exagero da entrega,
e me foi... um prêmio viver “nesta” ao seu lado,
afoguear a alma... amar assim.
                                                                
vi... e agora sei,
que todos os meus velhos medos,
toda a aridez da minha alma,
redefiniu-se em leveza,
quando te encontrei...

Ari Mota