sexta-feira, 30 de abril de 2010

UMA NOVA CHANCE


Na minha calçada desfilam crianças de todas as cores,
de todos os risos, de todos os sonhos, de todos os credos,
a maioria como seus pais... serão livros de paginas vazias,
não contarão historias e nem farão parte delas, serão números.
Mas... jamais deixarão de ter a inocências e a pureza de um anjo,
e serão crianças até a perda da transparência de sua verdade,
e tornar-se-á adulto, quando na descoberta tragar o fel da mentira.
Na minha calçada desfilam crianças de todos os amores,
aquelas concebidas numa ardente noite de amor, numa entrega,
como aquelas fecundadas em uma noite fugaz, de desespero e solidão.
Independente de estarem contextualizadas ou não, as procuro,
e acredito que a raça humana tenha uma nova chance,
e que dentre as que vejo... possa emergir um novo ícone, uma nova alma.
Alguém que possa refazer os caminhos, redirecionar os sonhos,
recompor o que temos de humano, redefinir nossas esperanças,
recompor o apreço as diferenças, condescender aos vôos individuais.
Acredito que tenhamos ainda uma nova chance, sem profetizar.
Na minha calçada desfilam crianças de todas as virtudes,
as que construirão impérios, as que serão exploradas por eles,
as que serão dignas, probas, honestas e as que nem tanto.
Acredito em uma nova chance... em uma época de serenidade.
Na minha calçada desfilam crianças de todas as doutrinas,
mas acredito que uma delas... um dia...restabelecerá a fé,
e fará do homem um guardião dos rios, dos mares, dos céus
e de si mesmo.
Com amor.

Ari Mota
 

terça-feira, 27 de abril de 2010

DIFERENÇA

Quando jovem ouvia todas as vozes,
e acreditava em todos os discursos, em todos
os sermões.
Apresentaram-me o mundo dos homens, as falácias sociais,
usaram de sofisma para descrever a vida, malograram
a história,
imputou-me a culpa, a duvida e regraram meus vôos.
Por tempos... tomaram por tema a igualdade,
e impuseram-me ser igual a todos, e todos igual a mim.
Quando jovem não pude compreender a iniqüidade
dos humanos,
na inocência acreditei que minha verdade estava com
alguém,
que meu caminhar era apenas seguir as trilhas deixadas
pelos caminhos.
Num entardecer lá nas Gerais, já abatido pela incerteza,
minha alma abraçou-me ternamente e falou-me das
verdades do existir.
Fui caminhar pelas Mantiqueiras,
que chuvosas ainda andam nos meus sonhos,
e deparei com as diferenças da natureza, as diversidades
das estrelas,
e tudo era desigual, uma era diferente da outra, aqui,
como nos confins do universo,
e tudo isso traduzia em beleza para os meus olhos,
calma para a minha alma,
harmonia para a minha jornada.
Quando jovem não pude compreender as diferenças,
hoje, as defino claramente em meu cotidiano.
E sei que não sou mais que ninguém,
e ninguém mais que eu,
somos diferentes no aspecto e na essência,
nos vôos e nas trilhas
que cada um segue
para encontrar
a sua verdade.

Ari Mota

domingo, 25 de abril de 2010

O ADVERSÁRIO


A atmosfera da minha alma quando menino,
era de pureza, era de inocência,
era desprovida de outros sentimentos, de outro sentir.
Mas um dia quando virei uma esquina da vida,
e percebi a vastidão do caminho, a longa via a seguir,
conjecturei não conseguir cumprir o meu caminhar,
deparei inusitadamente e perversamente com o medo,
e os tive... de todas as formas, de todos os jeitos.
Temia perder os meus amores, e perdi alguns,
mas jamais deixei de amá-los, de senti-los aqui dentro.
Temia não amealhar coisas, construir castelos,
e realmente não consegui...
mas conquistei olhares.
Temia não ser amado, mas na descoberta,
meu medo ensinou-me presentear beijos,
e conquistei abraços, afagos... um grande amor.
Temia as mentiras do caminho, as índoles impetuosas,
mas, as confrontei com o meu sereno silencio,
e com a minha eterna procura da verdade.
Temia as minhas fraquezas diante das adversidades,
usei o meu medo para transformá-las em força, luta.
Temia as derrotas... e foram tantas...
mais foram épocas de crescimento,
as transformei em vitoria do existir.
Venci tantos medos...
um deles era de expressar meus poemas
e ofertá-los ao mundo.
Mas... o maior dos meus medos,
esta dentro da minha alma,
meu maior adversário...
sou eu mesmo.
O venço...
todos os dias...
todas as horas.
Meu maior medo é não ter com quem
lutar.

Ari Mota

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O HOMEM QUE AINDA RESTA



Na varanda... observando o nada, olhando o abstrato,
mãos tremulas, indefeso, absorto ao que lhe rodeia,
alguém aguarda o tempo passar... como se esperasse.
A pele amarrotada das lutas, as mãos ásperas da labuta,
o pensar quase vazio de solidão, e a garganta seca
de silencio,
sozinho, inda vive o que lhe resta, o que soçobrou
do existir.
Na varanda do asilo, deparei-me com o tempo,
e ele apenas limita alguns movimentos, alguns reflexos,
principia a lentidão do agir, e a fadiga do corpo.
Mas... sustenta a robustez da alma, e o amor pela
existência.
E não se morre de velhice...
O que arrasa, destrói, resseca a essência da vida,
é a indiferença.
Na varanda de um asilo encontro o que resta de
um homem,
Absolutamente só... abandonado.
Falta-lhe o afago, o calor da pele, o beijo que se perdeu
pelo caminho.
Falta-lhe o lar, seus amores, seu jardim em flores.
Falta-lhe convivência...
Envelhecer é uma serena preparação para o fim,
e o fim é apenas uma passagem para outras vidas.
Naquela varanda  existe um homem que ainda
resta-lhe...
amor.

Ari Mota


quarta-feira, 21 de abril de 2010

LIBERDADE AINDA QUE TARDIA



Quando do despontar da adolescência... e das descobertas da alma,
tímido, num pátio do colégio lá nas bandas das Gerais,
deparei, e me contaram da história de um libertador,
fascinou-me... liberdade era uma palavra escondida no dicionário,
e a amplitude dela só tinha conotação política, e histórica.
E desde então, despertou em mim pela primeira vez este sentimento,
e esta paixão a coloquei nos ombros por um longo período,
era um peso, um quase medo, um quase pecado, uma quase ousadia.
Ser livre era atrever-se a existir e pensar diferente, único, sozinho,
era desagregar-se das regras impostas, das estradas já construídas,
desativar as cercas, quebrar os muros, e renunciar aos dogmas.
Mas um dia...
quando o tempo resolveu pintar o  meu cabelo de branco,
tomei a decisão de não carregar a liberdade nas costas,
mas docemente instalá-la dentro da minha alma.
encontrei o livre arbítrio,
meus vôos internos,
minha serenidade em decidir.
Quando do despontar da lucidez...
Um libertador, que não sei sequer... existiu,
inspirou-me a ser livre.
Fez de mim um amante da liberdade,
escolho os meus amores, minha estrada,
meus livros, acredito no que vem da alma,
da minha alma,
e das que amam como eu.

Ari Mota

segunda-feira, 19 de abril de 2010

SEJA HOJE


Reaja aos percalços da vida sem enfurecer.
Suporte o peso, carregue os fardos, enfrente a estrada,
bata a poeira e prossiga.
O existir não passa de uma viagem inexplicável,
indefinível, fugaz.
Terás que parar para abastecer de viveres,
de coisas e de amores,
o faça em silencio e continue.
Haverás noites de temporal, frias, de imensa inquietude,
intermináveis, e de infinita solidão.
E pelo caminho... uns o criticarão, por você ser você,
outros o aplaudirão por não conseguir ser o que és.
Nestas paradas obrigatórias da vida,
irá deparar com a complexidade humana,
verás as adversidades, as diferenças,
o justo, e quanto perverso são alguns.
Terás que partir, ou ver alguém o deixando,
e às vezes não dará tempo de dizer adeus.
Reaja a rudeza do cotidiano sem enfurecer.
Esta é uma das tantas viagens que fará em suas vidas,
e passará por elas tantas vezes necessário for,
serão vidas de crescimento, aperfeiçoamento,
sua alma será eternamente um aprendiz.
Saiba... terás outras vidas depois do fim.
Reaja ao seu dia com um sorriso,
brinque com suas lagrimas,
dance com seus medos,
abrace suas angustias,
acarinhe suas incertezas.
Ame a alegria, não espere o amanhã
ou quando tudo mudar,
para convidar a felicidade, a entrar em sua alma.
Às vezes... pode não dar tempo de ser feliz.
Seja hoje...

Ari Mota

sábado, 17 de abril de 2010

O VENDEDOR DE VAZIOS



Quando sentires fragilizado... e a solidão sentar ao seu lado,
e cinicamente fitar seus olhos, e tomar de assalto sua alma,
e você desolado, não souber o que fazer.
Não saia em disparada, e nem vá procurar na próxima esquina,
ou na próxima banca a sua fé, sua esperança, sua força,
ou algo para preencher este vazio.
Há vendedores pífios em todos os recantos do mundo,
e irão convencê-lo de que detém antídotos para tal sintoma.
A maioria são atravessadores improdutivos, são incapazes de criar,
alguns... ainda, vendem coisas... tapetes, rubis ou hortaliças,
mas, outros e muitos, querem apossar e dirigir seus vôos,
delimitar seus caminhos, interferir nos seus sonhos,
e na totalidade tem perfis parecidos... falantes, demagogos.
Tenhas cuidado com os que apregoam o vazio, o nada.
Estão revestidos de insígnias, adornos emblemáticos,
e agem como representante direto das vontades divinas,
são semideuses, que comercializam a sua fé.
São vendedores de vazios...
Quando sentires fragilizado... peça socorro ao seu anjo,
ele sempre estará adormecido no silencio da sua existência,
acomoda num canto da sua alma,
esperando o seu chamado.
Ele virá socorrê-lo, orientá-lo
e protegê-lo dos vendedores de vazios.

Ari Mota

sexta-feira, 16 de abril de 2010

DECISÃO


Quando o cotidiano lhe espetar  pelas costas,
e pedir que descida... não se apavore.
Ou... se, as pessoas que te rodeiam... pressioná-lo para agir,
não se desespere.
Entre alma adentro, pactue com a vida o seu destino,
não indague o que ela quer de você,  mas o que você quer dela.
Não a veja como um peso, mas como uma aventura.
Desaperte este nó na garganta, este medo de existir,
este receio da descoberta, do novo, do inusitado.
Escolha o caminho do silêncio, e vá sozinho... só por um período,
mas não se esqueça de aperceber-se da sutileza das pequenas coisas,
dos pequenos gestos, das poucas palavras, e das gentilezas.
Para não naufragar às vezes é preciso jogar no mar os supérfluos.
Olhe no que tens em sua bagagem, no que carregas em demasia.
Alguns sentimentos pesam mais que coisas, que objetos,
pode ser que tenhas em sua mochila toneladas de soberba,
alguns quilos de arrogância, e alguns frascos de insolência.
Jogue tudo fora... transite pelo palco da vida, com o mínimo.
Tenha o mínimo de sensatez... o mínimo de prudência,
e que possa olhar com amor para as pessoas e para você mesmo.
E que as decisões que tomará ao longo da vida,
não fira, não machuque, não destrua alma de ninguém.
Que suas decisões contenham amor.
Sempre...

Ari Mota

quarta-feira, 14 de abril de 2010

AMOR PLATÔNICO


Em uma dessas madrugadas de insônia...
Encostado na cabeceira da cama, e absorvido pelo silencio
da noite,
ouvi o pulsar da alma, que também inquieta, ia de um lado para
o outro.
Alguém me chamava, sussurrava como se escondida estivesse,
desesperado,
resolvi abrir uns arquivos de segurança, umas pastas de backup.
E o passado abriu-se em minha tela, despencou em meu colo,
e como um posseiro, invadiu o meu existir...
e se fez saudade.
O amor platônico da minha juventude...
sentou-se ao meu lado,
fitou-me com um olhar de amor... e começou a cantar.
Minha timidez de menino sempre o mantinha a distancia.
Introvertido o guardava sempre escondido no meu mundo
de sonho e fantasia.
Sabia da sua impossibilidade, mas o concebia como puro,
casto.
Era um sentimento inatingível, mas de uma beleza
imensurável.
Ela cantava para mim...
Vê... que, de repente tudo não passava de um delírio noturno.
O  meu amor platônico se fora numa overdose de heroína,
seu talento foi menos importante que o vicio e as drogas,
aos 27 anos... suas cinzas foram lançadas no Pacifico,
ela chamava-se Janis Joplin.
Em uma dessas madrugadas...
depois de desligar o computador, dormi como um menino.
Mesmo porque, hoje...
o meu amor é uma bailarina louca e umas borboletas.

Ari Mota

terça-feira, 13 de abril de 2010

ESCULPIR A ALMA



Durante sua passagem por aqui...
Não se esqueça de evoluir, crescer, despontar como vencedor.
Conquistar seu espaço, seus amores, suas coisas.
Colecionar abraços, afagos, e beijos ardentes.
Durante sua estada aqui...
Pode até espelhar em Gengis Khan, e sair sangrando a carne,
transpondo muralhas e demolindo almas.
E se tudo for pouco, siga o rastro de Alexandre, o grande,
conquiste coisas, terras, abrace o poder, distribua o ódio.
Mas, melhor  mesmo... seria se resolvesse emocionar o mundo,
como o fez, Beethoven...
e depois reger uma orquestra de borboletas,
e conquistar uma bailarina louca e sair por ai,
recitando Fernando Pessoa, com amor.
Durante sua permanência aqui...
Transite serenamente como se voasse em noites de luar,
olhe ternamente, seja afável com a vida, e consigo mesmo,
não se apequene no viver, intensifique o riso, a graça, o afeto.
Viva todas as emoções, todos os vôos, seja livre de consciência.
Procure no escopo da sua existência, esculpir a própria alma.
Edificar uma pessoa,
um caráter,
um nome,
uma vida,
não permita o vazio,
o ócio da alma.

Ari Mota


domingo, 11 de abril de 2010

SAUDADE


Tem brotado em minha alma um sentimento que não plantei,
irrompe de dentro, dilacerando como se cortasse a carne, dói.
Estreita o peito, e verte-se em lagrimas que rola face abaixo.
O tempo... cruel, não me fez esquecer o que passou, o que vivi,
trouxe-me de volta o passado, e despertou em mim a saudade.
Vez por outra desponta em minha frente, a rua da minha meninice,
continua nua, descalça, empoeirada, nas Minas Gerais.
Tempos de sonho, utopias, encontros, que não voltam mais.
Inda me lembro da pureza, e da inocência de um beijo,
de um abraço em noites frias, e de um perfume que até hoje exala.
Foi-se a candura de um menino, e a singeleza de uma adolescência.
Perdeu-se nos desvios da caminhada... os amigos, e os amores,
já não sento na praça, nem espio o voar das borboletas,
nem o frescor das madrugadas, e nem o aroma das flores,
o que sinto... além do silencio da alma... é somente a saudade.
Sinto saudade da juventude,
e da minha infinita inquietude.
Sinto saudade dos beijos que não dei,
e dos corpos que não abracei.
Sinto saudade das loucuras que não cometi,
e das bocas que não beijei.
Sinto saudade dos devaneios em noites de insônia,
e dos delírios em dias de solidão.
Mais... a mais bonita das saudades... ainda não aconteceu,
será o meu futuro, os meus sonhos que ainda não realizei.


Ari Mota

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A RESPOSTA


Nossos antepassados tinham a natureza como parâmetro
de sobrevivência.
Utilizávamos os fenômenos da biodiversidade como se fossem
ensinamentos.
Quando observávamos o acasalamento dos pássaros, na descoberta,
além do prazer, revelava-se o amor, o afeto.
E ao encontrarmos a avidez do tigre, deparávamos com a força,
que nos fez lutar e construir.
E quando olhávamos para o firmamento, e a águia altiva e solitária,
sobrevivia aos percalços do vôo, descobrimos a solidão e a resiliência.
Tudo era ensinamento, tudo era sinergia.
A água simbolizava a vida, o rio e seu curso a trajetória do destino.
A rosa... a existência e os lírios do campo a harmonia.
Escutávamos o murmurar de uma cachoeira, o grasnar de uma gaivota.
E o pelicano quando arrancava do próprio peito a carne para alimentar
o filhote, era a família em manifestação... perpetuação da espécie.
Imitávamos e espelhávamos em todos os animais, eles eram nossos
catedráticos, nossos mestres.
Um pedaço de terra simbolizava o respeito, e a andorinha a liberdade.
Olhávamos para a natureza com amor.
Mas, não sei quando... nem como... alguém começou a observar
o homem como Deus.
Ficamos pretensiosos, arrogantes e olhamos demasiadamente
com inveja um para o outro.
Abandonamos as borboletas e subjugamos ao ostracismo
nossas riquezas naturais.
O homem perdeu o elo com a natureza.
Hoje ela responde... só querendo o que tomamos dela.

Ari Mota


quarta-feira, 7 de abril de 2010

O MEDICO DA ALMA


Somos acometidos por duas patologias...
Uma degrada o físico e traz a falência dos órgãos,
a outra provoca as vicissitudes da alma,
e traz o acaso como destino.
A primeira nos leva ao leito e às vezes nos faz sucumbir,
a segunda instala o desassossego, os distúrbios emocionais,
impede-nos durante toda a existência...de ser feliz,
provoca tamanha temeridade no existir,
causa medo, desespero, produz refluxo na alma.
E nada adiantará sair à procura de um fármaco,
e tentar adquirir uma cápsula de alegria,
ou uma drágea de felicidade.
A cura habita em um templo dentro de nossas almas,
as chaves estarão sempre em nossas mãos,
porque seremos sempre os guardiões.
Abrir, entrar e alterar nosso caminho, nossas vidas,
dependerá somente da intensidade do nosso amor.
Porque, a vida é amor...
E a receita para combater as patologias invisíveis,
imaginarias da existência,
estarão quando a vida lhe capacitar,
e lhe transformar em Médico da própria alma:
e fazer da sua caminhada uma longa e suave viagem,
e permitir que em suas paradas para descanso,
possa extasiar diante das emoções, do riso, da lagrima,
da infinita vontade de amar até o fim,
não fazendo da vida um fardo,
mas da alma um instrumento do amor.

Ari Mota

segunda-feira, 5 de abril de 2010

BELEZA


  
Duas são as belezas da vida...
Uma efêmera... as representamos com castelos de areia,
dura uma maré, um vento apenas, um sopro do destino,
são belezas que nos acompanham quando jovens,
estampam em nosso rosto, em nossa pele, na beleza do corpo,
resplandece em nossos olhos, fugaz como o vento,
são belezas transitórias, descartáveis.
São mascaras que grudam em nossa cara,
e caem pelos solavancos da vida, deixando-nos nus.
E sofremos quando da sua partida, e enrugamos,
partem prematuramente, deixando a solidão na face.
A outra beleza a edificamos dentro da alma...
São castelos de pedra que ao longo da vida,
sobrepomos uma a uma, construindo um lugar inabalável,
são fortificações que suportam os sismos do existir,
mantém-se de pé, após os terremotos existenciais,
guarnecem-nos dos temporais e não sucumbem aos vendavais,
protengem-nos  por toda a vida... são belezas eternas,
trazem equilíbrio, sensatez e uma imensa paz,
conduzem-nos ao arrebatamento da alma, nos faz... feliz.
Estas são as belezas da vida...
Uma efêmera... faz moradia em nossos castelos de areia,
a outra constrói  castelos de pedra, e fica por toda uma eternidade.
Ambas edificam nossa vida,
mas só uma irá alicerçar nossa alma.

Ari Mota

sexta-feira, 2 de abril de 2010

RENASÇA


Ouse renascer todas as manhãs... todos os dias,
e para sempre.
Não cultue o partir, celebre o recomeçar,
o continuar.
Armazene as lagrimas dentro da alma,
e faça delas um lago profundo,
e banhe-se nele em noites de luar.
Estampe em sua face um verdadeiro olhar,
e distribua risos e afetos,
ame e deixe se amar.
Renasça em cada abraço, em cada afago,
saiba estabelecer novos paradigmas,
novos caminhos, um novo andar.
Sonhe outros sonhos, fale outras palavras,
construa um novo discurso, um novo amigo,
se preciso um novo amor.
Duvide dos moralistas, ria dos mentirosos,
dê as costas aos autoritários, aos faltantes,
e segure com amor nas mãos dos simples de alma,
dos silenciosos... dos que carregam à calma e a serenidade.
Tenha coragem de se renovar na concepção das coisas,
não tente a felicidade... procure ser apenas feliz,
pode ser por uma hora, por um minuto ou por toda a vida.
Mas, jamais se esqueça de renascer todos os dias,
necessariamente não precisa ser em berço de ouro,
fundamental que seja num lar,
onde possa edificar caminhos,
valorizar o humano,
e amar.

Ari Mota