domingo, 31 de julho de 2022

GRATIDÃO



 







Envelhecer foi-me paradoxal...
em nada encontrei lógica.
Para crescer...
foi preciso esvaziar a alma.
Para enriquecer...
não foi preciso amealhar coisas,
e fiquei rico sem saber,
quase me sufoquei com tanta riqueza.
E ela veio de dentro,
estava escondida na minha alma,
e foi colossal.
 
Que disparate foi envelhecer...
eu que tinha certeza de tudo,
hoje nada sei.
Eu que estava aprisionado com a insensatez,
hoje ando esbarrando com a lucidez.
Que privilegio foi chegar até aqui,
foi tanta vida, tanta emoção,
é que... não me permitiram conhecer a solidão,
e tudo amei.
 
O tempo foi-me um desatino,
diversas vezes... pedi... vá mais devagar.
É que convivo com gente destemida,
que me permitem estar onde estou,
e entendem que eu... não iria brilhar em outro lugar,
senão com eles...e aqui.
E esses são... os três melhores humanos que conheci,
que olham nos meus olhos,
falam sem dizer uma palavra... que me ama,
e levantaram-me todas as vezes que caí.
 
O tempo... só ele... mais ninguém,
desconstruiu a minha pequenez,
fez-me silêncio... contemplação,
colocou leveza na minha alma,
ensinou-me a ter pela vida,
e por tudo que vivi:
GRATIDÃO.
 
Ari Mota.