Passei em frente à casa de um velho amigo, ele não estava.
Anos atrás sofreu um grande acidente...
Mas, sua alma o carregava no período de coma... e ele resistiu.
Perdeu todos os dados do celebro, lhe restou somente à alma,
Iniciou a maior batalha da sua existência, recompor o que perdera,
como o seu celebro estava vazio, teve que recadastrar toda a sua vida,
reaprendeu todos os sentidos... inclusive amar.
Teve que reconstruir todos os amigos, e recuperar sua história,
e em fazendo encontrou vazios, abandonos e ausências.
Aceitou algumas perdas outras ainda não, trava combates para vencê-las.
Perdeu... amigos, amores, planos, houve um dia que não encontrava nem a esperança.
Mas ele, sabemos, não tem uma vida comum como a nossa... ele insisti,
faz mais para sobreviver que qualquer um... e não se considera um sobrevivente,
e nem exemplo de nada, apenas entende que este é o seu papel, é o que pode fazer.
Disseram-me, que uma metamorfose apossou-se de sua alma,
e que doravante só lhe resta ser feliz...
E que tem retirado lá dentro do peito um sorriso jamais visto,
faz festa consigo mesmo diante do espelho,
e passou a olhar para os outros com amor,
para a vida com ternura,
e para o destino... sem odiá-lo.
Passei em frente à casa de um velho amigo, ele não estava.
Mas, deixara uma placa na porta,
“aqui a tristeza pula de alegria”
Terminei meu dia feliz... e ele também.
Ari Mota