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domingo, 2 de outubro de 2011

FUGAZ É O TEMPO

Sentado naquela rua descalça, nos confins das gerais,
despercebido, não conseguia mensurar a fugacidade do tempo,
quase que efêmero foi à meninice, quase que me fugiu o sonho.
Mas, um dia em metáfora, sentado na plataforma da estação,
esperando o trem... fiz dele a minha vida.
Espiava as chegadas em risos, os abraços precisos,
os beijos ardentes, os afagos comoventes, o choro de emoção.
Depois, abalava-me com as partidas: os adeuses, as lagrimas perdidas,
as dores, os vazios de alma... as renuncias em solidão.
Mas, tudo aquilo era um fascínio, um encantamento,
deslumbrava-me, era um insólito salto, uma linda travessia,
alucinava-me o ir embora, o desconhecido, outro vento.
Mas de tudo... o que mais me tocou, bateu fundo,
esmurrou a alma em desespero... não foi chegar, nem partir,
não foi nem a tristeza dos acenos, nem o silencio do olhar,
nem a ternura do encontro, sentindo a distancia acabar.
Na verdade, já menino, e na descoberta... sem se iludir,
e no sentido figurado, a maior desilusão,
é não conseguir chegar a tempo, perder o trem na estação.
Óbvio, foi que tive que arrumar as malas e seguir o meu caminho.
Sempre estou chegando, sempre estou partindo,
às vezes e sempre chego sorrindo, muitas... parto sozinho.
Mas, são viagens, são tentativas, cresço a todo o momento,
aquele trem, aquela estação... foi mais que um passado.
Hoje... não espero o destino me conceder nenhum prazo,
antecipo até as minhas emoções, sou feliz hoje.
Estou sempre pronto, chego primeiro sempre,
abro a porta da minha alma, e antes que entre o ódio, coloco ali amor,
instalo equilíbrio, antes que descortine... desespero,
sorriso antes que manifeste a lágrima, beleza antes da estúpida rudeza,
se não posso dar coisas, ofereço uma flor.
E assim aquele trem, não só me ofereceu carona,
direcionou o meu destino, o que trago por dentro.
Passei a amar em demasia o que me resta e o que sou.
Sei que sou um poeta tímido, meio que ultrapassado,
faço poesias, versos sem rima, falo de amor, para não chegar atrasado.
Ando saltando profundamente,
em cima dos abismos, onde escondo os meus medos,
e tudo é esperança, nada são descrenças.
Ainda assim... corro tanto, atrás de vida, de exemplos, do que tenho,
aceito o que é meu, e dos outros nada desdenho,
nem as diferenças.

Ari Mota