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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

IR EMBORA









Estou pensando em sair por ai, sem destino.
Mas...
Preciso de uma companhia para segurar em minhas mãos.
Preciso de um corpo para me aquecer em noites frias.
Preciso de uma pessoa que seja minha bussola, para me guiar,
quando me perder nos caminhos da vida.
Estou pensando ir embora para lugares distantes, remoto,
onde se ouve o vento, onde se vê o anoitecer e o por do sol,
um lugar despovoado... pode ser beira mar, nas montanhas,
fundamental que seja salpicado de silencio e solidão.
Estou necessitando ouvir minha alma, se possível tocá-la.
Ela, dia desses gritou comigo, reclamou guarida, afago.
Não sabia o que fazer com tamanha dor, tamanho desespero.
Durante muito tempo dei atenção aos outros,
fiquei sem me olhar no espelho, olhar para dentro,para a alma.
Cansei de olhares de desfaçatez, olhares que me rotulavam,
olhares que etiquetavam-me, legendavam-me.
Tornei-me uma marca, num letreiro de beira de estrada.
Vivi tacitamente o que fora convencionado nas relações sociais.
Deixei de ser eu...
Preciso partir, para encontrar comigo mesmo.
Vamos bem devagar... contando estrelas e borboletas.
Vamos contar historia de amor um para o outro.
Você cuida de mim e eu de você, pra sempre.
Vamos voar, correr, se preciso até morrer juntos.
Morrer é invariavelmente uma grande viagem...
Estou ali na esquina...te esperando.

Ari Mota