sábado, 31 de dezembro de 2011

PLANO DE VÔO PARA A ALMA


Bom mesmo... foi que inventaram a magia do tempo,
e depois, colocaram dentro dele o extraordinário fenômeno... viver,
e não conseguiram dimensionar a fugacidade da sua existência,
nem a ilusão de que ele não existe,
ou que nada faz, para tudo acontecer.
E assim... embriagamos-nos no engano da espera,
remasterizamos nossos desejos em renovação,
reformamos nossas vontades, e começamos tudo outra vez,
como se tudo fosse ser diferente,
sem talvez iludirmos com o abandono, com a solidão,
e na descoberta... ver que tudo é pura quimera.
Mas, que venham... novos tempos, vamos começar de novo.
E em êxtase brindar os ciclos que chegam e que vão,
e construir um plano de vôo para alma,
encher o tempo de esperança,
e olhar para si mesmo... com mais confiança,
e sempre tomar uma outra direção.
E na dúvida... saltar, atrás de nossas verdades,
sem temer o caos absoluto e este mundo contraditório,
fugir sim... das ideologia, sem fugir de si mesmo,
planear um pulo para dentro, sem negar o descaminho,
voar como se acima do Himalaia estivesse,
mesmo sozinho,
a procura da ousadia de ser livre,
e a coragem de ser feliz.
E depois... planar acima do vôo contemplativo de um Condor,
e em rasantes enlouquecidas,
aterrissar dentro de nós mesmos,
e desvestir o que de tímido,
esquecido,
temos
de
amor.

Ari Mota

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

REINVENTAR OS ELOS COM A ALMA


Quando a dúvida enroscar nos seus sonhos,
agarrar nas suas vontades, como se fora sufocar o grito,
e depois encarcerar o salto, desnortear o vôo, inibir os desejos,
fazê-lo ficar aprisionado no ceticismo de si mesmo,
na incerteza de continuar,
e atemorizado descrer na luta, apequenar-se no combate, e ficar aflito.
Talvez...
tenha que ressurgir... e emergir do nada que tens, e que carregas,
e aceitar que se perdeu na imensidão do medo,
no vazio visceral que renegas.
Você que quis nascer para o mundo...
esqueceu de desabrochar para si mesmo, nascer para dentro.
Agora, terás que brotar em delírios e ter coragem de ser feliz...
e ser você.
Às vezes o que falta é nascer para nós mesmos.
E... há que se ter o vértice para dentro,
e abandonar a exteriorização do intimo, do essencial,
do entranhável, do profundo que se tem pelo existir, e se encontrar.
E em silencio, reinventar os elos com a alma.
Reaparecer em aventura, atrever-se ao risco, brincar de ilusão.
Recriar os acasos, dançar com a dúvida, e rebentar de emoção.
Viver tem que ser um acinte ao medo,
uma provocação ao temor de tudo acabar.
Viver é bailar a beira de um penhasco,
é reedificar os tombos, sacudir as lagrimas... e continuar.
E depois... reconfigurar as perspectivas, e prosseguir.
Crer em si mesmo, na esperança... ter um novo olhar.
E em equilíbrio, reatar os elos com a alma,
e arrancar do peito toda a amargura,
todos os ressentimentos,
e amar.

Ari Mota

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A INTENSIDADE DOS SENTIMENTOS


Há... os que o procuram uma vida, desatinam na escolha,
desvairam na busca, perdem-se nas madrugadas.
E às vezes em desespero, e em desalento,
soçobram no vazio de si mesmo, do próprio sentimento,
e fingem contentamento na frieza estúpida das baladas.
Humilham-se na ilusão do encontro, no avolumar da solidão,
e voltam... dilacerando a calma, em estreiteza... em desilusão,
continuam sós... e em desejos.
Querem um afago, um amasso no portão... e beijos,
precisam de um olhar, de um toque na pele, de rosas vermelhas,
de um declamar em delírios, de um desvario, e de uma flor.
Depois pedem um suspiro enlouquecido, e um corpo aquecido,
uma melodia que verseja emoção, e que fale de amor.
Mas... às vezes ele chega como uma brisa descomprometida.
Invade a alma, aloja-se num canto em quietude,
vem como se fosse perpetuar no tempo, e em brandura.
Agarra de forma visceral em nosso existir, vira ternura.                                      
senta ao nosso lado e toma nossas mãos... em solitude,
permanece em risos pela vida afora.
Outras vezes chega manso... fica ao nosso lado em calmaria,
e depois vira tempestade, ventania,
e vai embora.
E isso, é a temporalidade do amor.
O estado interino de sua efervescência,
o que de fugaz é sua passagem, sua existência.
Em tal caso... não o viva de forma eterna,
mas, enquanto dure... o sinta com toda a intensidade,
com todos os poros, com todo o capricho...
E antes que se finda, e antes que se desabe.
Apenas o tenha com todo o sentimento,
antes que ele acabe.
É preciso ter coragem para amar...
brincar de amor.

Ari Mota

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

NÃO EXISTA COMO SE NÃO TIVESSE GENTE DENTRO DE VOCÊ


Quando descortina a vida... ela vem carregada de nada,
cruza os braços e espera o nosso combate,
fica ali na espreita, fria, nos olhando... indolente.
E o destino joga em nosso colo, o medo.
Uns correm em desespero, outros o encaram,
uns perdem, outros o domam, ou o amansam por uma vida,
e seguem, em frente.
Mas, há os que permitem o seu triunfar, perdem a calma,
a coragem para ser feliz... esvaecem o alento,
o desassombro que permeia na fúria do inusitado, do vento,
e sofrem de solidão de alma.
Não ousam iluminar a si próprio e vivem em desassossego,
faltam-lhe ajustar o foco, em si mesmo,
despejar luz sobre a negrura visceral,
resplandecer em contentamento,
refletir sua verdade num feitio textual.
E luzir para fora, antes de ir embora.
Talvez, faltam-lhes, preencher este vão que carregam no peito,
este vazio que prospera, este olhar fútil que se adultera,
esta inércia que inibe o reconstruir de cada derrota,
e a indolência em desistir na primeira queda,
este medo de refazer o caminho, e redescobrir uma nova rota.
Talvez tenham que aceitar estes sismos, estes tremores inexplicáveis,
esta sofreguidão querendo saltar em soluços, esses tropeços existenciais.
Talvez o que lhes faltem, é romper em ousadia e acontecer,
olhar para dentro, e lá de amor... preencher.
Destilar simplicidade, não ser multidão, não ter no olhar rudeza,
amar o silêncio, as pessoas... e falar somente em beleza,
e nem se achar que em tudo... é o epicentro.
Não exista como se não tivesse gente dentro...
nem amor,
em você.

Ari Mota

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ABRIGO


Se a rudeza da rua, o incomodar em aflição,
e olhares autômatos passarem ao seu lado,
como espectros em solidão.
Não se assuste, são... desatinos da multidão, extrema cegueira,
assemelham-se no vil, no mísero olhar de desdém,
na desimportância de existir.
Igualam-se no vulgar, no comum dos homens.
Mas os concebam... assim: nem menores, nem maiores,
vieram para ofuscar suas próprias verdades,
e fazerem luzir suas infinitas mentiras.
Estão passando por aqui... apenas, por um acaso,
não vieram para evoluir.
Foram aprisionados pelas crenças religiosas,
e pela esperteza maquiavélica do sistema,
e das políticas mentirosas.
São desesperanças coletivas, de fácil logro e enganos,
amam coisas, moedas, rubis, ficaram... desumanos,
e não estão e nem são livres.
Mas... não se atormente com tudo isso, faça diferente.
Não se esqueça de criar na alma um refugio urbano,
onde você possa entrar todos os dias em calma,
e abrigar ali os seus sonhos, e devaneios,
e em silêncio... brincar de quietude,
e em sossego, teimar em ser feliz,
com todo o destemor
e depois...
olhar para o mundo com carinho,
e para você mesmo,
com amor.

Ari Mota