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domingo, 17 de julho de 2011

A ÚLTIMA PRECE

Eu que no princípio e por vezes, e em súplica... em prece, pedia ajuda,
eu que alterei tanto que até a alma quase soçobrou desnuda,
eu que me agarrei ao destino, e nele acreditei,
e não tive outra maneira... nem bruta, nem amena,
de viver as experiências que passei,
e as vivi intensamente... óbvio que teve e foram noites de agonia.
Mas, tudo teve seu curso, fluiu aos solavancos,
sobrevivi as prolongadas tempestades em busca de calmaria.
Com o decorrer do tempo tive que sintetizar a minha vida,
podei as intemperanças que rondavam os meus caprichos,
abreviei... os discursos que falavam de enganos,
recopilei as minhas verdades e redefini os meus planos.
Fiquei seletivo, aperfeiçoei-me nas escolhas,
encurtei os desesperos, restringi os medos, conjecturei os riscos,
condensei na alma o meu grito, sem perder a voz no que acredito.
Eu que assustava com o imprevisto, passei a aturar os combates,
suportar a exaustão do caminho, e a desilusão dos debates.
Eu que no princípio e por vezes achei que era só pedir, implorar.
Abandonei a espera... a fatigante condição de vítima,
coloquei na estrada a minha ousadia, e saí... meio que sem destino.
Evidente que fui ao chão... varias vezes, em desatino,
mas escapei a inércia, resisti às derrotas, ao descaminho.
Sobrevivi as minhas próprias dúvidas, a mim mesmo.
Estou no tempo da brandura, da instigante quietação,
hoje o meu existir já não é um tropeço,
de tudo que decorreu, foi-me o tempo do pedir,
neste instante, só agradeço.
Fiz de mim candura, do meu olhar mansidão.
Todos os dias... como não sei, se é o derradeiro, oro em gratidão,
faço minha última prece... por que tudo valeu, sinto-me alentado,
faço minha última oração,
e de uma única palavra:
Obrigado.

Ari Mota