Não teve jeito, não consegui esconder...
a porta já estava entre aberta, a te esperar.
Cansei da aridez das emoções,
dos desertos que crescem dentro de minha alma,
do meu andar.
Chega de transitar com a solidão,
abrigar em meu peito sofreguidão... empurre a porta sem bater,
pode entrar.
Vou me aventurar, deixar-me seduzir pelo inesperado,
viver estes abalos, que chegam de dentro, como se fora um canto,
como se fora uma ópera de dois enamorados,
como se fora versos de um poeta apaixonado.
E se o imprevisto me vier fazer companhia,
e trouxer a tiracolo a delicadeza, e em mimos me abraçar com leveza,
vou pedir que além de tudo isso... também me ame.
Porque hoje... espalhei rosas vermelhas pela casa,
e fui ao bosque... e convidei milhares de borboletas azuis,
para enfeitar nossa festa, e cantarolar coisas de amor,
e espiar maliciosamente nossos lençóis.
Não teve jeito... a porta está entre aberta, é só entrar.
Tenho insistido em ser feliz e não posso viver tudo isso,
sozinho.
Separei o que de vazio eu tinha, para ocupá-lo, completá-lo,
e que seja de você.
Como não sei o sabor do vinho, vou me embriagar de orvalho,
como não sei os passos de um dançarino, vou sambar no meio da sala,
como não sei ficar sem você, fiz-me poeta... para revelar meus desejos,
declarar meu silêncio, e tornar publico meus beijos.
Hoje resolvi fazer de mim... alegria,
e de você... amor.
Ari Mota