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domingo, 10 de outubro de 2021

RETALHOS DA ALMA


 







Mesmo sabendo das águas incertas,
dos ventos intempestivos,
não parei de navegar, e sempre...
estou à procura do que me tornei, e sou.
Tive alguns cuidados comigo:
- não me machuquei com os próprios pensamentos,
nem me flagelei com as vicissitudes,
quando o dia me apequenou.
 
Vim... recolhendo retalhos, do que vi e senti,
e fui costurando tudo em minha alma,
ela ficou maior que eu.
cerquei-me de silencio e sutileza,
de gratidão e poesia,
e orbita em mim, os melhores humanos que conheci,
e fui me edificando com retalhos,
remendei-me, me consertei,
com o que a vida me ofereceu.
 
Mesmo sabendo da fragilidade humana,
das tempestades ocasionais
espelhei-me em grandes almas,
naquelas que exalam ternura,
e são sensíveis, silenciosas e invisíveis,
aquelas que verbalizavam com os olhos,
e dançam felizes em noites de solidão,
parecem poetas desvalidos, mas são resilientes,
uma é uma bailarina louca e as outras... duas borboletas,
transbordam de amor e finura.
 
E venho me formatando... assim.
Desses humanos que me amam,
capturo pequenos gestos,
que refletem em mim... luz e calmaria,
tocam-me como aragem celestial,
reinicio-me todas as manhãs,
e todas as vezes que deparo com o medo,
mantenho o olhar, o encaro de frente,
hoje... o medo tem medo de mim.
 
Fiz tantos remendos para retribuir o que recebi,
para amar como fui... que utilizei de todos os atalhos,
atravessei todos os meus desertos, todos os meus acasos,
hoje... sou a soma de outras almas, de outros amores,
de outros sonhos, de outros abraços,
deixei de ser eu, de ser sozinho,
até posso deixar os meus excessos pelo caminho,
e em fez de receber... oferecer o que me tornei,
em retalhos.
 
Ari Mota