domingo, 16 de julho de 2023

REFUGIADO DE SI MESMO


 








Não esqueças...
o que abandonas pelo caminho,
às vezes vai ficando... se perdendo,
revestindo-se de desimportante,
e de tão imperceptível, nem sua alma,
sua maior cúmplice... te a avisa.
E de repente... foi um olhar,
um encontro, um desejo, um amor,
depois à distância,
e você... ao se olhar, se vê... sozinho.
 
Não esqueças...
o que abandonas.
Vez por outra isso, torna-se um hábito,
e passas a não notar:
o que te fere, o que te machuca,
nem do que de hostil te oferecem,
e vai ficando rastros de vazios.
E depois... bem depois, vai-se o sonho,
e essa empatia que tanto falam,
essa que dizem... ser para com os outros,
você já não as tem,
- nem com os seus sentimentos,
nem com suas emoções... seus desafios.
 
E aí, você desperta...
faltando-lhe o toque humano,
e em quase completo desnorte,
vê que... o que te assombra,
é que ao estar conectado no mundo virtual,
estava... tornando-se refugiado de si mesmo.
 
Cuide-se...
de tudo que em você habita.
Conheça o seus desertos,
mas, não faça ali o seu refúgio.
Tenhas os seus medos,
mas, os enfrente com destemor.
Quando a vida lhe provocar,
enfrente-a com o seu silêncio.
Não tenhas horas vazias, leia,
ousa musicas... pássaros,
cascatas, a própria alma,
e só ande com quem exale coragem.
- Faça- lhe... sobrar amor.
 
Ari Mota