domingo, 31 de janeiro de 2010

O PROTAGONISTA



Quando as cortinas abrirem para você, 
e deparar com o mundo te observando, aguardando o seu show,
não volte para os bastidores a procura de um protagonista para a sua vida.
Será você que deverá apresentá-la e vivê-la, com toda a intensidade,
não temas as vaias, busque incessantemente os aplausos.
Não quantifique a platéia, as vezes um apenas vale mais que uma multidão,
a encenação da sua trajetória será de sua interpretação,
e você não será o coadjuvante, e não terá equipe ou elenco,
estará sozinho no palco da vida...
Portanto... só lhe resta brilhar.
E este é o único papel que a vida lhe ofereceu.
Deixe marcas espalhadas pelos caminhos,
esqueça... nas esquinas do tempo, algumas obras de sua autoria.
Não será necessário ser famoso, primordial ser competente,
pode passar pela vida até de forma incógnita,
mas faça a diferença quando o mundo te encontrar.
Jamais procure um gestor para o seu destino... você é o seu destino.
E não tente encontrar seus segredos em outras almas,
a sua será eternamente a guardiã de todos eles.
Não busque um protagonista para a sua vida...
você é o ocupante deste cargo, dessa missão.
A sua apresentação formatará o seu destino,
apresente-se para a vida com amor.

Ari Mota

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

VIAGEM



Se por ventura depois de correr o mundo,
visitar os lugares mais exóticos do universo,
deleitar nas praias mais azuis do planeta,
saborear da mais fina gastronomia, além mar,
e sentir-se frustrado, incompleto, insatisfeito.
Se suas malas sempre estiverem prontas, arrumadas,
em busca de um lugar melhor, mais bonito.
E se na estação olhar a linha do trem com ansiedade,
ou fitar com impaciência as decolagens nos aeroportos,
ou simplesmente transformar a espera em sofrimento.
E se desaperceber da grandeza das pessoas, e suas culturas,
e não agregar nenhum valor ao que viu e viveu.
Há... com absoluta certeza... você não está em viagem ou viajou,
na verdade, não conseguiu chegar a lugar nenhum, e nada viu.
Lamentavelmente isto é fuga...
Você está fugindo de você... tentando escapar da própria alma.
Esconder do próprio eu, e evitar o espelho da consciência,
e esquivar-se dos fracassos, dos medos e angustias.
É preciso mapear um novo rumo, realinhar novos sonhos.
E viajar para dentro...dentro da alma...e se encontrar.

Ari Mota

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

VOO



Quando moço...
tinha o habito de carregar de volta para casa... o mundo,
levava de rastos pelo chão a torpeza humana,
transportava no ombro a temeridade da critica,
arrastava junto à alma, a duvida e a incerteza da vida,
por vezes rojando-se pelos caminhos, quase me perdi.
Quando moço...
deixava-me guiar por lideres eloqüentes... vis,
imputava-me transgressões, culpa e imperfeições,
maculava-me de intenções submissas... era cativo,
estava encarcerado no medo, na demasiada falta de ousadia.
Vê... que o tempo decorreu... pintou meu cabelo de branco,
fez rugas no rosto e na alma...
Hoje, filtro a minha existência, depuro minha convivência...
Libertei-me do medo, da critica e da duvida.
Quando volto para casa, volto livre... sem carga,
leve... sou portador de sentimentos que me libertam,
penso sem cercas... sem divisórias... sem muros,
meus voos imparciais... levam-me ao infinito,
em busca de liberdade.

Ari Mota

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

OUSAR



Cometa uma ilicitude contra o tempo,
aposse todos os dias de uma parte do silêncio,
apodere-se invariavelmente de uma parte do seu dia,
roube algumas horas de sua existência,
furte um período de sua vida,
para você ficar com você.
E depois...
Desabilite sua alma da rispidez do cotidiano,
desarme-a do confronto inevitável do subsistir,
desligue-a por algum tempo da insensatez humana.
E depois...
Há... e depois... saia por ai... tente voar,
se não conseguir... tente correr.
Se por ventura... nem voar e nem correr,
feche os olhos... sinta o perfume da flor,
Roube de uma boca proibida... um beijo.
Ouse... e ouça uma linda melodia...
Dance na praça com uma louca bailarina,
ou cante uma linda canção de amor.
Desabilite sua alma da rispidez do cotidiano,
atreva... a ser feliz.


Ari Mota



terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ESCOLHA



Encontrarás apenas dois caminhos em sua vida,
e ambos serão construídos com o seu próprio andar,
e ao longo de sua trajetória terás o direito de escolha,
                         ser feliz ou não...
A vida lhe proporcionará esta prerrogativa de opção,
                             escolher...
Poderás ter toda a emoção do amor, do encontro, do riso,
distribuir afeto, e edificar convivência, e ser feliz.

Mas, também poderá ter atitudes de um bárbaro... de um bruto,
sair desconstruindo vidas, e semeando desencontros.
                    Terás que ter coragem.
                       Terás que escolher.
A escolha sempre será sua... não responsabilize ninguém.
                              Escolha.

Ari Mota

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DESACELERE


Desacelere...
Sem perder o ímpeto pela vida,
sem diminuir a velocidade do destino,
sem esvaecer a intensidade da luta,
sem abrandar o desejo,
sem atenuar o combate.
Desacelere...
Mas, não descuide do amor que carregas na alma,
nem deixe extinguir a esperança que trazes no peito,
tampouco faça sumir a possibilidade de sempre achar a saída.
Desacelere...
Sem que desapareça o brilho nos olhos, e a força do corpo,
não inutilize a capacidade de recomeçar sempre... todos os dias,
e nem caia em desuso, atualize-se, renove-se... aprenda a todo o momento.
Desacelere...
Sem desvairar-se com o que fez, ou com o que é,
e não fique conturbado com a rudeza da vida,
não entregue-se ao desanimo ou a inoperância.
Desacelere...
Para conseguir contemplar o dia... visualizar o amanha,
encontrar valores humanos... amar.
Desacelere...
Vale mais encontrar o caminho do que ganhar velocidade.
Desacelere...
Procure olhar para si... olhar para dentro... olhar para a vida,
e se encontrar.

Ari Mota


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O ALPINISTA E A VIDA


A vida é um Everest invisível...
Para você viver os minutos, as horas, os dias... toda a sua vida,
terás que ser audacioso e ter um impulso arrojado de alma,
ela lhe cobrará atitudes como se fora um alpinista em noites de tempestade,
e irá reclamar imperiosamente e destemidamente sua decisão...
estarás a todo instante no seu limite, na fronteira da coragem com o medo,
e estará cobrando olhares de ousadia e sentimentos intrépidos, em prol da existência,
e glorificará sua impassibilidade diante do extremo, do perigo em viver o momento.
E para viver o momento, o minuto seguinte... terás que ser um alpinista...
E em sendo... terás que encontrar equilíbrio e sensatez.
Apreenderá a planejar os sonhos,
definir cada passo, cada toque, cada andar.
E jamais estarás suscetíveis as coisas menores.
Olharás sempre para o pico... aonde se quer chegar.
E aprenderás que para atingir o topo, não se caminha só...
Terás que estender as mãos, amparar e ser amparado,
aquecer e ser aquecido...
Um sempre dependerá do outro... para existir.
A vida é um Everest invisível...
Não caminhe só...
Os equipamentos utilizados para esta singular subida,
são outros... são sentimentos.
Bastará amar incondicionalmente...
Tudo e todos...
“ que chegarás “

Ari Mota

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

RELUTE


Não procure nas coisas, nas pessoas... a sua felicidade.
Não busque no exterior o que esta dentro de você.
Busque uma trilha nova para o seu caminhar.
Não acredite nas convenções, nos hábitos humanos.
O homem fracassou no exemplo... não siga trilha de outros.
A sua verdade não esta com ninguém, ela reside em sua alma.
Desbrave novos caminhos... reinvente sua vida.
Não procure em outros quintais a sua liberdade.
Reinvente o seu olhar, olhe a vida de outro ângulo... diferente.
Não procure respostas em palavras que não sejam as suas.
Mantenha a sua existência dentro de uma verdade.
Renove o seu viver...
Assuma uma postura relutante... quebre os paradigmas.
Relute em prol do seu vôo livre...
Relute contra esses discursos inverídicos... inexatos.
Relute contra lideres que utilizam da falsa persuasão.
Abra o peito... faça uma trilha que o leve até sua alma.
Seja você o seu próprio mestre, o seu próprio líder.
Ilumine você, os seus caminhos...
Brilhe... como está... e como veio ao mundo,
participe desde espetáculo que é a vida,
ame de forma intensa a si próprio,
que terás sentimentos para amar
o resto.

Ari Mota  

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

UM PURO OLHAR





Olhe para a vida com amor... 
Ao levantar e banhar-se,
não lave somente o corpo,
faça uma assepsia em sua alma,
respire fundo, entre peito adentro,
retire resíduos de medo ou magoa,
encare seu dia afetuosamente.
Levante disposto ao combate,
sem usar o grito ou as mãos.
Tenha como arma... a palavra e o argumento.
Trave uma batalha com a sua alma, acalme-se.
Você não está em guerra...
Desarme-se...
Gestos brutos, e palavras mal colocadas... são armas.
Ferem...
O corpo imita a natureza, temos nossos terremotos.
Nossa alma vez por outra, tende a pular do corpo:
Gritar de desespero, de medo, de angústia.
Modere-se...
A vida é isso mesmo, algo incompreensível,
Inatingível, uma viagem indecifrável, pura ilusão.
Não podemos alterar destinos, maldizer o dia.
Serenai...
Não interfira em opiniões, não julgue sentimentos.
Procure o silêncio, há nele uma melodia encantadora,
encontrarás tolerância e sabedoria...
Olhe para vida com amor...
Ela ternamente lhe encontrará.

Ari Mota

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

NASCER E MORRER


Fui convidado a participar de uma conferência... eu e minha alma.
Acordamos mudar nossas atitudes, nossas vidas,
realinharmos nossos olhares, nossa existência.
Ela sugeriu que morrêssemos todos os dias...
Em morrendo, iríamos desaprender a rispidez do dia,
a descortesia dos rudes, a insensatez dos vis,
a indelicadeza dos brutos, a aspereza dos desequilibrados,
e a incivilidade dos líderes, e o gosto tosco dos afoitos.
E em morrendo, olvidaríamos a intolerância, a indiferença,
estaríamos por analogia desvanecendo o desamor, o ódio.
Literalmente dissipando do nosso peito o que nos fere.
Estaríamos morrendo nitidamente puros, límpidos...
E que renascêssemos todas as manhas com o por do sol...
E que despertássemos sorrindo, livres... renovados,
fazendo florescer todas as esperanças, todos os sonhos.
E que viveríamos até o final do dia desarmado, em paz,
transmitindo afeto, respeito e deferência a todos.
Tenho nascido todos os dias... e melhor... com mais sensatez.
Minha vida incorpora verdades, e reveste-se de serenidade.
Tenho morrido todos os dias...
Mas... quando nasce o sol... a vida me concebe em festa,
cada dia ao vir à luz, venho amando...
cada dia mais a vida.

Ari Mota

O HOMEM E O PLANETA


Em algum momento do passado, foi nos concedido a terra para nossa existência,
na verdade, ela é nossa nave para esta viagem nos caminhos do universo,
e como se não bastasse foi nos ofertados também o livre arbítrio e o tempo...
Teríamos o poder da decisão e um período para executar nossa missão.
Teríamos que evoluir e como um cavaleiro seríamos eternamente o seu mantedor.
Sustentaríamos essa nave com toda a sua beleza e força, seríamos os seus guardiões.
Com desvelo, olharíamos para os rios, para as borboletas, para os gafanhotos, e o jequitibá.
Não iríamos interferir no ecossistema, nem na individualidade das pessoas... nem na alma.
A liberdade nasceria no gesto, nas palavras, na crença e na ideologia... não teríamos fronteiras.
Respeitaríamos as diferenças, o maior e o menor... conduziríamos com harmonia nossas vidas.
Mas, o tempo passou... desconstruímos o que nos foi dado como baliza... perdemos o foco.
Tornamo-nos predadores, subjugamos o bem em remição ao mal... barbarizamos o existir.
Negamos com mesquinhez a gentileza de servir, com sentimento vil, menosprezamos o doar,
e com olhares de desdém não sentimos a dor do próximo... individualizamos o repartir.
Ficamos menos humanos... temos que reinventar alguns sentimentos e criar outros.
Há uma nova era aproximando... um novo realinhamento.
O homem carece de rever suas atitudes e consciência.
Buscar dentro da própria alma... sua fé.
Realinhar seus sonhos e seus amores.
Reinventar a verdade... e o bem.
Retomar sua evolução e a do planeta.

Ari Mota


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

HAITI



Encontrei no silêncio a resposta...
Não consegui expressar em palavras, o que ouvi.
Uma lagrima rolou face abaixo...
E pelas ruas de Porto Príncipe no Haiti.

Encontrei na resposta o silêncio...
Ficamos abraçados de emoção, quase morri.
Um soluço brotou dentro do peito.
E pelas ruas de Porto Príncipe no Haiti.

Fiquei pequeno... por não fazer nada.
Fiquei em silêncio...
Em silêncio...
Silêncio...
Como as ruas de Porto Príncipe no Haiti.

Ari Mota

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

OBRAS INACABADAS


Procure terminar a tela que iniciou, e a escultura que começou,
não passe por esta vida como um artista de obras inacabadas,
nem Vicent Van Gogh, que teve uma vida de fracassos... o fez,
sofria da alma, não conseguiu vencer o medo da vida, sucumbiu a ele,
mas, dentro da tamanha esquizofrenia que tinha... terminou todas as telas.
E François Auguste René Rodin que paradoxalmente teve toda sua obra rejeitada,
confundida como um esboço... dava-se a impressão que não acabara nenhuma delas,
e na verdade o escultor baseava-se no conceito “non finito”... era seu estilo.
E assim... é nossa vida... temos que terminar nossas obras.
Não há que deixar para um outro dia, amanha ou talvez quem sabe... no futuro.
Temos que ser hoje... construir agora... não podemos ser metade, temos que ser inteiro.
Não viva meia vida, nem meio amor... viva com toda a intensidade... com toda paixão.
Não faça meio carinho... a tome por inteira... ame-a com os poros, com a alma.
Não recite parte de um poema... se possível declame todos eles... com ternura.
Acalme... silencie... termine o que começou... pode ser um abraço, um beijo, um afago.
E na sua tela... na tela da sua vida inicie o seu esboço espectral... maravilhosamente,
que ao terminar seu auto-retrato não espelhe arrogância, nem prepotência,
e que deixe estampado sua face em risos, seu semblante em verdade, seu olhar em amor.
E que ao esculpir o próprio corpo, ele tenha a sutileza de um anjo estendendo os braços,
e que fique catalogado na história da arte... como o homem que veio do céu.
Não passe por esta vida como um artista de obras inacabadas...
Faça tudo terminar... menos o amor.

Ari Mota

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

437 ANOS DE AMOR



Eu vivi em outros lugares, em outras vidas, em outras camas,
já senti outros perfumes, já afaguei outros corpos, já amei outras almas.
Morri de amor por diversas vezes, abandonei, parti e nunca voltei,
já deixei alguém me esperando toda uma vida, por diversas vezes,
fui extremamente estúpido com algumas, intolerante com quase todas.
Entre uma rosa e uma espada, dei preferência a que fazia sangrar, matar.
Já vivi outros amores, em outras tantas vidas que vivi, que passei, que sonhei.
Passei noites em tabernas... bêbado de solidão, revestido de bárbaro, sem coração.
Foram tantas vidas desfeitas, tantos amores inacabados, tantos beijos desejados.
Que o destino me fez voltar, e viver tantas vezes fosse necessário... tudo.
Já vivi 437 anos de amor, sem declarar uma única vez... eu te amo.
São vidas passadas... aprendizagem atroz, eterna procura, permanente busca.
E hoje, alcancei meu último estágio de vida... de amor, de ternura, de sonho.
Encontrei-te...
Levei todo esse tempo... e agora renunciei a todas as vidas que vivi.
Só para ficar docemente ao seu lado até o fim.
De guerreiro e bárbaro, transformei-me em poeta.
Hoje entre uma rosa e uma espada... tornei-me um jardineiro.
Em noites de frio, abraço-te docemente, como nunca o fiz.
Sussurro em sua alma, todo o meu amor.
Eu te amo...
Para sempre...

Ari Mota

sábado, 9 de janeiro de 2010

AUSÊNCIA, SOLIDÃO E LOUCURA



Minha vida transcorreu em três tempos... todos simultaneamente.
Houve o tempo da ausência, o tempo da solidão, e o tempo da loucura.
Quando despertava para a vida, esses tempos apossaram-se da minha alma.
Procurei combatê-los incansavelmente, não consegui êxito, fui derrotado.
Passaram sobre mim, desesperadamente, fiquei em pedaços, fragmentado.
Quando o tempo da ausência aproximou dos meus dias, tive medo,
faltaram-me coisas, amores, amigos, perspectivas e sonho,
inexistiram caminhos, trilhas, fui acometido pelas incertezas e a duvida.
E quando o tempo da solidão veio abalroar minha existência,
imergi no isolamento, fugi das pessoas e do mundo, fiquei só.
Retirei-me do convívio, afastei de mim mesmo, escondi, corri, quase morri.
Perdi alguns amores, alguns dos melhores amigos, e o chão onde nasci.
E o tempo da loucura, sempre me abordava... desde menino... e eu não entendia.
Mas hoje, com os cabelos grisalhos, e a face envelhecida... é o melhor do meu tempo.
Assumi definitivamente a loucura...
E o tempo da ausência o transformei, no tempo do crescimento, fiquei maior,
foi a época que repus o que perdi, reconquistei coisas e amores, vivi.
E o tempo da solidão o transformei, no tempo do isolamento, realinhei minha vida,
assumi certas saudades, alguns vazios, certos descaminhos... compreendi.
Hoje estou no tempo da loucura...
Sou feliz... por ter sobrevivido aos percalços do tempo, não abro mão do riso, da alegria.
Tenho dançado... e sempre acompanhado de uma bailarina louca, e algumas borboletas.
Decidi ser feliz agora... hoje... minha alma e eu não permitimos a entrada da tristeza.
Não temos mais tempo para coisas pequenas...
Decidimos enlouquecer de amor pela vida... que nos resta.

Ari Mota

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O ASTRONAUTA POETA


Quando menino, época de escassez, ausência de caminhos, de perspectiva,
resolvi não seguir trilhas de ninguém, e abri sozinho o meu mundo de sonhos.
Mas, eu tinha um vizinho... poeta imortal... mestre das mantiqueiras,
artífice das palavras, gênio das escritas e sentimentos, falava de amor,
de mulheres, de carinho, de caricias... e de declarações em noites enluaradas,
em prosa recitava em êxtase a lua como a guardiã das paixões e dos namorados,
eram versos que falavam de desencontro, encontro, amores possíveis e impossíveis,
como era menino, não compreendia de amor, e resolvi alcançar a lua...
procurar essas emoções.
Aventei a hipótese de enamorar uma linda mulher entre as rochas lunares...
em beijos e abraços.
A incerteza tomou conta de minha alma...ser astronauta ou poeta?
Então, me maravilhei com “ De La Terra à La Lune, de Júlio Verne, viajei com eles,
e não cheguei lá.
Eram sonhos utópicos, noites embriagantes de fantasia, medo do amanha,
medo de não amar.
Com 15 anos quando Neil Alden Armstrong, pisou no mar da Tranqüilidade... na lua,
minha inocência se deu conta da incerteza...
Quis ser astronauta, porque não sabia ser poeta.
E um dia...num vôo imaginário, estava eu fazendo serenata ao luar..na lua.
Fui recitar poemas de amor, a procura de você...não te encontrei.
Na descoberta...pra de achar e te amar... abandonei o sonho de ser astronauta.
Tornei-me poeta só pra te encontrar.

Ari Mota

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

MULHERES E ROSAS

















Não a deixe em céu aberto, a menos que queira bronzear-se.
Se não querendo, não permita que o sol venha ferir essa membrana tênue,
que guarnece tamanha beleza e adorna essa silhueta escultural.
Pela manhã...
como uma rosa vermelha, tome seu corpo e acaricie-o em sentido contrario,
toque sua pele de forma macia...
sinta a aveludes de seus contornos como se fossem pétalas.
Depois...
regue-a suavemente com águas cristalinas salpicadas de estrelas, abrace-a.
No meio do dia...
leve-a a beira mar, alimenta-a de ternura e afago.
Caminhe...
e tome suavemente suas mãos, e apresente-a ao mundo como uma rainha.
No entardecer em baixo de um Jequitibá tome vinho...
e depois tome os seus lábios, a beije por inteiro,
roube o seu perfume, enrosque em seus cabelos, sinta a sua alma.
E quando a lua se fizer presente...
leve-a à varanda conte histórias de loucuras e estrelas,
antes do amor...
Não à trate como opção, a tenha como prioridade.
Estenda sempre tapetes vermelho, ela não anda... desfila.
Ande sempre com purpurina, e aproveite o vento quando ela passar...
ela brilha, tem que brilhar.
Faça poemas de amor e os sussurre docemente, faça-os dar arrepios,
seja afável, a tenha em seus braços com ternura.
A cultive como uma flor e a ame como mulher.
Tudo isso são metáforas... em nome do amor.
Se não tiveres coragem para tal loucura...
basta afetuosamente dizer: eu te amo.
E ficar ao lado dela... toda uma vida,
e amá-la de todas as maneiras.

Ari Mota

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O XAMÃ E O POETA


















Acordei assustado...
vinha de dentro do peito uma batida que não era do meu coração,
uma batida cadenciada, de repente... senti uma dor imensa na alma,
dor de saudade, sentimento perdido no tempo, perdido em outras vidas.
Entendi ser sons de atabaque num ritual afro em noites enluarada,
depois achei ser sons de Taiko em madrugadas de neve, em terras nipônicas,
senti um vento gelado trazer entre nevoas, sons celtas em noites chuvosas,
depois confundi com a suntuosa cadência do Olodum, em dias de sol.
Na verdade minha alma, deixou escapar sons de outras existências,
maravilhei-me com aquele tambor em minha alma...era meu lado primitivo.
O tambor dava-me acesso através do ritmo à força da vida... ao meu principio,
através dele viajei por outros mundos, era uma ponte entre a terra e as estrelas,
e o caminho que me permitiu viajar no centro do mundo, no coração da mãe-terra.
Nas minhas descobertas, me achei em um Xamâ, em busca de resposta, de amor.
Aquele som vinha do passado, época de procura, de busca, de desencontro, de dor,
vez por outra uma lagrima brotava lá de dentro da alma... era de saudade,
amores desfeitos, olhares perdidos, camas vazias, noites silenciosas e frias.
Os tambores... as vezes soam dentro da alma, uma angustia surge nos olhos,
vidas passadas, escondidas, nutrem um som imaginário no meu peito.
Em pranto volto a mundos imaginários, vidas desconhecidas, sem nome.
De guerreiro tornei-me um escritor.
De selvagem transformei-me em lucidez.
De primitivo tornei-me sonhador.
De Xamã virei poeta...

Ari Mota

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

LOUCURA


















Se uma linda canção te acordar pela manha, levante sorrindo.
Mas, se ao lado de sua cama, uma bailarina louca, te convidar para dançar,
e se seu quarto for tomado por um bando de borboletas... todas te olhando,
e na transversal um arco íris cobrir sua cama... toda desarrumada,
e sua voz embargada, não conseguir dizer não... não se assuste.
Isso é loucura...
Somos acometidos vez por outra desses devaneios, dessas doces fantasias.
Mas, não estranhe tais aparições, são coisas da alma... ela brinca conosco.
Nos leva a sonhos absurdos, mundos imaginários, sensações diferentes,
faça o que nunca fez, entregue-se a loucura, estenda os braços...
levante para o sonho, sinta o perfume da insensatez... só por um dia.
É um presente que sua alma lhe oferece, ela tem visto seus combates,
isso tudo, é pra quebrar a sua sisudez, você perdeu o sorriso, o brilho,
esqueceu a alegria no bolso do seu paletó, no último cabide do guarda-roupa.
Tem saído para viver um dia lindo de sol, com guarda chuva e galocha.
Mas, dance, se preciso um dia inteiro, e será aplaudido por todos,
pelo menos eu e as borboletas vamos espiar aquele beijo maluco,
que vais roubar daquela bailarina louca...ame, apaixone-se...
Toda paixão tem um pouco de loucura, e toda loucura é uma doce paixão.
Enlouqueça só por um instante, dance para a vida...dance para você.
Surpreenda o mundo com sua alma enlouquecida, estamos enfastiado de almas enfurecidas.
Viva uma loucura... uma unica vez...



Ari Mota



domingo, 3 de janeiro de 2010















Hoje encontrei um amigo... tem um semblante austero, aparência sóbria, mas é um menino,
e ele relatou-me sua doença...está na sétima quimioterapia, adoeceu o corpo... não
 a alma.
Tem suportado o tratamento, como um bravo guerreiro, e o conheço de tempos,
e sei de sua extrema coragem, teve longos combates, jamais sucumbiu as cobranças
 da vida, 
e jamais receou recomeçar seus dias e suas noites, e sempre defrontou as
 adversidades,
trava uma batalha a cada segundo... tem pactuado com sua alma...nunca um abandonar o outro.
Na sua pureza existencial, na fragilidade momentânea, confessou-me estar com medo,
entende que sua fé não é do tamanho que necessita para atravessar esse temporal,
tem percebido ondas gigantes bater em seu barco, e o casco frágil pode não
 suportar,
suas velas já rasgadas pelos vendavais pode não impulsioná-lo ao final da viagem,
e que sua bússola vez por outra tem rumos alterados, desaparece o norte... o
 porto.
Hoje encontrei um amigo... tem uma fé incomensurável e não sabe, desconhece.
Quando se diz não possuir, é na simplicidade reforçar o ter na plenitude.
Sua fé é do tamanho do seu silêncio, teve uma vida reta, pautou sempre na verdade,
o universo certamente conspirará na sua permanência entre nós.
E sua jornada terminará, somente quando chegar o fim, e o fim pode ser sempre
 amanhã.
Portando, não consegui ter muitos adjetivos, verbos ou substantivo, para com ele.
Sua fé, embora questionada é do tamanho da sua alma... e sua alma é imensa.
sua vida é o agora... ele docemente vive o hoje... com fé.
Ari Mota

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

SUPERAR













Há em você um corpo e uma alma, zele por eles com toda a intensidade.
Se fores exercitar em uma academia, o faça com desvelo, cuide-se,
como não temos uma para a alma, sugiro que a leve para o silêncio,
acredito ser o melhor lugar para resguardar tamanho tesouro.
O corpo e a alma, operam simultaneamente em nossa existência, é a nossa vida.
Em 1984, nas olimpíadas de Los Angeles, a maratonista Gabriela Andersen,
deu-nos exemplo disso, ela detinha a sintonia entre corpo e alma,
em um dado momento da corrida, o corpo esmoreceu, foi ficando pelo caminho,
seu corpo subjugou-se ao calor, sua perna direita endureceu, não suportava mais,
e como se não bastasse seu braço esquerdo pendia molemente ao seu lado.
Os espectadores e eu ficamos perplexo, o corpo pedira ajuda a alma,
vimos com regozijo um socorrer o outro, a alma carregou o corpo até o final.
Ela certamente não venceu a corrida, mais bravamente chegou... foi mais que uma vitória.
Portando para superarmos as adversidades de nossos dias, do nosso cotidiano,
os combates que travamos, nossos recomeços, nossas derrotas e vitórias,
temos que sistemicamente manter corpo e alma, um amando o outro, eternamente.
Temos que alimentá-los substancialmente, em essência e desejos.
Exercite seu corpo, mantenha sua alma em silêncio, um sempre ajudará o outro.
E você irá superar os obstáculos que a vida vai lhe impor.
Supere... de corpo e alma.
Verás que entre querer e o limite, existe uma fronteira tênue entre corpo e alma.
Superar... não é só vencer... é estar em todos os combates... é existir.

Ari Mota