Ao longo do caminhar... o existir teve o peso da atmosfera,
exerceu sobre o meu andar... toda a sua rijeza,
imputou-me lentidão, sobrecarga, transitei sem a celeridade desejada,
pareceu-me que nos ombros carregava mais do que podia levar.
E assim, transcorreu o meu deslocar,
parei algumas vezes,
subjuguei-me as regras, sujeitei-me as imposições sociais,
agreguei coisas, juntei ressentimentos, e anexei sofreguidão no olhar.
Abdiquei em certos momentos de aplausos,
renunciei convívios,
e o destino cedeu-me como companhia a solidão.
Mas, como sou resiliente... avigorei os sonhos, robusteci os desejos,
e em delírio continuei minha lida, meu imenso capricho...
em ser feliz.
Em uma destas curvas do acaso, deparei com minha própria alma,
que serena e calma,
em uma das esquinas da existência estava a me esperar.
Saímos... eu e ela, reinventando a travessia, as frases vazias,
fomos redigir como continuar.
Pactuamos, subtrair a pressão do existir, e fazer dele uma doce viagem,
deixar pelo caminho, os fardos do medo, do que oprime, do que incomoda,
lançar margem afora toda a amargura, todas as angustias, e o desnecessário.
E tudo foi muito intenso, as coisas foram ficando pelo chão,
as lagrimas secavam com o vento, e o lamento perdia-se na escuridão.
Hoje não quero aplausos, basta-me, os meus... os bato silenciosamente,
hoje escolho os convívios, os amigos, os amores,
e o destino cedeu-me como companhia: a sensatez.
Passei a altear em vôos...
hoje procuro um lugar para encontrar leveza,
e amor.
Ari Mota