Não se esqueça de olhar vez por outra, para trás,
pelo que passou,
pelo que deixou nas estradas por onde caminhou.
Muitas das vezes a vida nos impõe uma velocidade abusiva,
e afoito ultrapassamos o bom senso, a maneira harmoniosa de existir,
esculpimos no nosso transitar uma postura rude, gestos toscos,
encontros marcados pelo agressivo,
e nossa infinita necessidade de impor nosso querer,
e no abandono desapercebemos as diferenças,
e no descontrole incutimos a insensatez do poder.
Não se esqueça de olhar vez por outra o que fez,
ou anda deixando e semeando pelas marginais por onde passa.
Não destrua sonhos, nem julgue destinos.
Não simule amor, nem dissimule afeto.
Não distribua ódio, nem desafeto.
Podes... um dia querer voltar... e não mais encontrar caminhos,
e na descoberta... achar escombros por onde passou,
escombros do seu caminhar.
Poderás necessitar de um amor, e não terá como chegar até ele,
de um beijo e sequer os lábios tocar,
de afago e não ter colo para deitar.
Não se esqueça de olhar para trás, não deixe pelos caminhos... escombros.
Plante rosas, reedifique sonhos, reinvente amores, e perspectivas,
se não conseguir atingir os propósitos, mude de propósito.
Mas não deixe escombros por onde passar,
podes... um dia não poder voltar.
Ari Mota