domingo, 26 de novembro de 2023

NÃO DEMORES MUITO


 








Que desinteligência é essa?
Só amanhã?
Amanhã é muito longe,
é uma eternidade descabida,
é um tempo distante, quase inalcançável.
Desvista dessa espera,
levante deste chão, e encare as ruas,
emerge desse ostracismo,
mergulhe na incerteza do existir,
e não demores muito...
vá realizar... todos os sonhos,
todas as fantasias... que são só suas.
Podes até pegar uma carona com o vento,
nem que seja preciso enamorar com a solidão,
e ter como companhia o medo:
Só não deixe nada para depois do por do sol,
e nem que tudo vire ilusão.
Sabe... aquela escolha,
que ficou enroscada na garganta,
e virou silencio.
Aquela taça de vinho que você não tomou,
naquela noite de desespero.
Aquele salto... que ficou estancado,
a beira de todos os abismos que encontrou.
Aquele amor adormecido,
que você deixou partir...
e nunca declarou.
Sabe... aquela cama que ficou cheia de vazios,
e aquele corpo desnudo que você não abraçou:
- Continuam por aí...
a cama continua fria, espelha-se nos invernos,
e aquele corpo vaga sozinho... com o desamor.
Mas, não demores muito...
Não permita a vida permanecer inacabada,
tudo é tão fugaz, maior que uma ventania.
Corra... há ainda tempo.
Sabe... aquelas dúvidas infantis,
esqueça-as em um canto qualquer,
abandone-as pelo caminho.
e não demore para espantar os seus fantasmas,
esses que te rondam dia e noite,
essas inverdades de te corrói,
essas pequenezas que te destrói.
Desperte... provoque a vida,
e a si mesmo.
Não demores muito para ser feliz.


 Ari Mota