Não se esqueça de aperceber estes sismos vindos de dentro,
estes abalos que sacodem sem destruir,
estas vibrações que implodem a alma,
sem agredir.
Somos acometidos destes terremotos imaginários,
destas ondas em revolta, destes tsunamis vestidos de agonia,
destes pingos de lágrimas que dilaceram, sufocam feito maresia,
destes desamparos em noites de solidão, destas madrugadas frias,
em manhãs de aflição.
Mas... não se desespere... entre em estado de resiliência.
Como já não possuímos mais os caminhos, nem estradas para andar,
nem pistas para decolar.
Saia sem destino, sem hora e nem aonde chegar.
Há um talvez lhe esperando ali no horizonte,
um abraço escondido além do por do sol,
um amor em desejo aquém dos seus beijos,
um... outro vento, uma brisa diferente, uma ponte.
Só não desista de ser feliz.
Nem que custe, nem que doa,
nem que o faça caminhar sozinho,
nem que o medo venha lhe fazer companhia,
e em desassossego ser seu vizinho.
Insista...
Às vezes estes sismos vindos de dentro, estes abalos existenciais,
são nossas almas... reclamando carinho,
somos nós mesmos,
querendo amor.
Ari Mota