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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

SENTADO NA PRAÇA













Eu sempre volto ao meu passado, sempre volto a minha cidadezinha,
Ontem passando por lá, avistei um amigo de infância sentado na praça.
Recordei de antigas conversas, antigos medos, de antigas frustrações.
Ele, enquanto vivíamos juntos, transbordava hesitação em viver a vida.
Não amou, com medo de não ser amado, fugiu do risco da entrega,
tinha pavor da incerteza do talvez, não sentiu o calor de uma outra alma.
Não casou com medo de ser abandonado, resolveu sentir o frio da solidão,
tinha receio de roubar um beijo, e sentir o suor da outra pele em desejos.
Não esboçou um abraço, um afago, não deu carinho e nem recebeu.
Parece-me que se abraçou tanto, que não soube abrir suas próprias asas.
Não saiu de lá, com medo de se perder pelos caminhos e não saber voltar.
Ficou sentado na praça...
Quando sentei ao seu lado, buscamos à memória, surgiu nossas historias,
abri o livro da minha vida, por analogia, a minha não foi melhor que a dele,
nem a dele melhor que a minha, cada um viveu a sua vida, teve sua trajetória.
O que na verdade nos diferenciou foi as paginas do livro da minha vida,
cada folha que passava estava repleta de palavras, parecia um rascunho,
como sempre andei no limite do risco, errei muito, usei muito a borracha,
apaguei, rabisquei, desenhei, projetei, retirei algumas paginas,
amassei outras, enfim tentei tantas vezes que perdi a conta, nunca desisti.
Estou escrevendo a minha historia...
O meu amigo não quis abri o livro da sua vida...acho que está em branco.
Estamos envelhecendo, eu e ele, nossos cabelos já estão brancos,
nossas rugas já acentuadas tornaram-se visíveis no rosto.
Notório é a manifestação do tempo... em mim pela luta, nele por medo.
Ari Mota