Mostrando postagens com marcador AS PALAVRAS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador AS PALAVRAS. Mostrar todas as postagens

domingo, 27 de outubro de 2019

AS PALAVRAS

As palavras às vezes me fogem...
perdem-se na imensidão do que sinto,
apequena-se diante dos gritos que silencia,
e fico ali... meio que a deriva,
não sabendo o que fazer com a tela vazia.

Escrever o quê, e para quem...
e aí, recordo que comecei escrevendo para mim,
e foi quando pactuei com a minha solidão,
e olha, já dançamos juntos em noites de desespero,
e hoje, não sofremos mais de lonjura, nem de aflição.

Vim, preenchendo esse vão que residia na alma,
como não sei mensurar a grandeza de dentro,
esmero-me em nutri-la de ousadia a todo o momento,
e quanto mais volátil, mas me descubro... acho-me,
amo, este que me tornei, e este é meu alento.

As palavras às vezes me fogem...
escondem na infinita dúvida do existir,
emudeço... só falo com os olhos, sou contemplação,
toda a minha transcendência se voltou para o interior,
é ali, que guardo toda a minha emoção.

E o que sinto é maior que todas as palavras,
declaro-me em silêncio, ninguém ouve minha voz,
fiquei isento de qualquer discurso, de qualquer poesia,
os meus humanos favoritos são tão poucos, que me assusta,
- uma bailarina louca e duas borboletas... que honraria.

As palavras às vezes me escapam...
mas, hoje envelhecido não necessito tanto delas,
cuido mais da minha quietude,
quando verbalizo, enalteço... falo de resiliência,
e espelho a minha atitude.

As palavras às vezes não se aproximam...
e às vezes penso não mais escrever,
principalmente, nesta tela fria de computador,
mas aí, deparo com os meus amores,
e vejo que não bastam as estrelas,
para escrever e falar de amor.

Ari Mota