faça uma breve pausa... mais jamais descanse.
Refugie-se em silencio dentro de si mesmo,
e em descuido, ou em devaneios... cante, dance,
leia um poema, abandone esta voracidade extrema,
e faça um inventário do que ainda guardas na alma.
O que ainda tem em estoque, ou avoluma em demasia.
Talvez, com a rudeza do cotidiano, tenhas mais ressentimentos,
rancores,
acumulou mais ódio... que amores.
Foi descomedidamente mais sôfrego... que alegria.
Terás que ter um tempo para estancar o sangue que brota de dentro,
e tratar desta hemorragia ocasional nos sonhos.
Os reveses da luta, às vezes esvaziam em timidez a própria
coragem.
Necessitas reconstruir o seu olhar sobre si mesmo,
e fazer do destino um novo norte, uma nova abordagem.
Há que se... dar fio a espada da ousadia,
curar este ardor no peito, este vazio sem explicação, esta rua sem
direção,
este frio descabido, estas madrugadas de agonia.
Há que se... preciso for... até bailar enlouquecido com a solidão.
Entre uma batalha e outra... faça um inventário do que ainda tens.
Guardamos com intemperança tudo aquilo que nos cansa,
ficamos reféns das coisas, e dos outros olhares.
Existe só um momento na vida para ser feliz... agora.
Proveja, reabasteça a alma sem demora.
A fugacidade do tempo pode lhe nocautear na esquina,
e perceber mais tarde que não viveu na verdade o que te fascina.
Bom mesmo é ter em estoque na alma... sentimentos,
risos soltos, aventura descomprometida, graça... destemor,
algumas doses de atrevimento, o descaro do risco,
a insolência de recomeçar sempre, e a petulância de nunca desistir.
E depois de tudo, o arrojo de renunciar ao medo e dele não fazer
segredo,
e prosseguir, sem interromper o sonho.
Entre uma batalha e outra... não basta afiar a espada, nem cair no
sono.
O que fica... não é a dimensão da vitória, ou o infamar da derrota.
Na verdade nada fica, leva-se tudo... aqui é apenas uma paragem,
antes de voltar para casa, e entre uma batalha e outra,
neutralize o ódio, caminhe com brandura, lute com bravura,
muna a alma,
de amor.
Ari Mota