Sabe o que você precisa fazer... abra a sua gaveta e retire a chave,
abra o porão onde você aprisionou sua alma, liberte-a agora.
Faça com que ela corra livre, quanto tempo a deixou intolerante,
a inibiu em ver o mundo, as diferenças, os caminhos e descaminhos.
Talvez por excesso de zelo, não a deixou sentir o frio, e os vendavais,
não a deixou sentir o medo da solidão, estradas solitárias, vazias.
Liberte-a agora, não há mais tempo, ela precisa sentir a dor do amor,
a ausência do abraço, o brotar de lagrimas que caem face abaixo.
É agora, o tempo da escolha, deixe-a dançar livre nos bailes da vida,
não determine horário para chegar ou sair, deixe-a seguir o vento..
Que ela possa dançar na chuva, beira mar, em qualquer lugar.
Provavelmente irá na descoberta, não deter-se mais as diferenças,
perderá o olhar critico, não distinguirá mais cores, credos, ideologias.
Apertará a mão, sem ver o anel nos dedos, abraçará sem identificar o perfume.
Olhará nos olhos, sem ver as perolas no colo, nem os rubis nos brincos,
e ao encontrar alguém, não observará a roupa de seda, ou a pulseira de ouro.
Amará todas as pessoas... as afortunadas, as nem tanto e as miseráveis.
E verá uma única diferença entre elas... a infinita individualidade de cada uma.
Liberte-a agora, sua alma carece de um dia inteiro de silencio, deixe-a só.
Ao amanhecer abra a porta, deixe-a sair, não mostre o norte, nem o sul..
Irá desbravar o mundo, conhecerá outros universos, voará livre.
Transforme-se em porto, um dia ela voltará...
E ao voltar, em seus braços contará suas desventuras e venturas,
soluçará em seu colo, e dormirá encostada em seu peito, forte.
E perceberá que valeu ter vivido uma vida de combates.
Liberte-a que ela voltará.
Ari Mota
Ari Mota