Tudo começou como uma paixão,
e paixão é a arte da descoberta,
do descortinar, do abrir a alma,
entregar-se como o vento entrega-se ao mar.
E o fiz a você...
sem confins, sem dimensão do horizonte,
sem ser cerceado pela incerteza do encontro,
ou render-se ao medo do abandono,
da solidão.
Tudo começou com um partilhar de olhares,
uma sensação singular, um encontro de outras vidas,
um toque de pele, um desejo inconcebível,
uma aflição juvenil.
Tudo começou com um beijo retirado as pressas dos teus lábios,
um cercar de braços em seu corpo, e um aperto junto ao meu,
em delírios,
e depois, um aspirar do explicito perfume da sua pura inocência,
da infinita fantasia,
e do extremo capricho em apaixonar-se em demasia.
Tudo começou como uma paixão, um gracejo da juventude,
e o tempo foi passando, vertendo a companhia em convivência,
e a intimidade como caminho essencial para aceitar nossas diferenças,
passei a não saber existir sem você, sem sua alma junto a minha.
Tudo começou como uma paixão desinquieta,
um encontro do acaso, uma escassez de afago,
uma ausência, um descuido... uma falta de abrigo.
Mas, deveras tudo escapou ao tempo, que de tão intenso,
que de tão imenso, tudo foi muito pouco,
fiz do efêmero... uma vida, um encontro.
Fiz de ti, minha bailarina louca...
E rodopiei ao luar, enamorei coladinho ao seu corpo,
ao som de uma orquestra de borboletas azuis.
Tudo começou como uma paixão,
e no final e em algum momento um compromete-se ao outro,
apaixonar-se para o resto de suas vidas.
Fiz de ti... minha namorada,
com amor.
Ari Mota