Em uma dessas madrugadas de insônia...
Encostado na cabeceira da cama, e absorvido pelo silencio
da noite,
ouvi o pulsar da alma, que também inquieta, ia de um lado para
o outro.
Alguém me chamava, sussurrava como se escondida estivesse,
desesperado,
resolvi abrir uns arquivos de segurança, umas pastas de backup.
E o passado abriu-se em minha tela, despencou em meu colo,
e como um posseiro, invadiu o meu existir...
e se fez saudade.
O amor platônico da minha juventude...
sentou-se ao meu lado,
fitou-me com um olhar de amor... e começou a cantar.
Minha timidez de menino sempre o mantinha a distancia.
Introvertido o guardava sempre escondido no meu mundo
de sonho e fantasia.
Sabia da sua impossibilidade, mas o concebia como puro,
casto.
Era um sentimento inatingível, mas de uma beleza
imensurável.
Ela cantava para mim...
Vê... que, de repente tudo não passava de um delírio noturno.
O meu amor platônico se fora numa overdose de heroína,
seu talento foi menos importante que o vicio e as drogas,
aos 27 anos... suas cinzas foram lançadas no Pacifico,
ela chamava-se Janis Joplin.
Em uma dessas madrugadas...
depois de desligar o computador, dormi como um menino.
Mesmo porque, hoje...
o meu amor é uma bailarina louca e umas borboletas.
Ari Mota