segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

QUISERA










E se houvesse um lugar...
que não fosse tão longe assim.
Desses... que é só virar a curva.
Desses... que é só descer a rua,
e encontrar leveza.
 
E se houvesse um tempo...
que não demorasse tanto.
Desses... revestidos de recomeços.
Desses... que se parecem ventania,
transvestidos de delicadeza.
 
E se houvessem humanos melhores,
que não fossem tão hostis.
Esses... com coragem de dizer “eu te amo.”
Esses... que ainda cuidam da alma.
Esses... que ainda sonham sem ilusão.
 
E se houvessem aqueles...
que não tropeçassem em seus próprios vazios,
e soubessem enfrentar a si mesmo,
amenizando o seu desespero,
sem alimentar a sua solidão.
 
E se houvessem os que não tivessem tanta certeza,
Esses... que não morrem por dentro.
Esses... que se reinventam.
Esses... que vão se construindo vida afora,
e manifestam gratidão.
 
Como estou entardecendo...
e já não há duvidas que caibam em mim.
Quisera eu... por um descuido...
por um instante... “estar” nesse lugar e tempo,
e chama-lo de meu,
e leva-la para passear com o meu silêncio,
conhecer do meu amor,
da minha loucura,
sem se importar com o fim.
 
Ari Mota