Se com o transcorrer do tempo o crepúsculo lhe incomodar,
e um vazio assaltar a alma, e em ansiedade... deixar um vão.
E não conseguir aquietar-se em repouso, nem em descanso,
nem sossegar o corpo, ou fazer a alma entregar ao sono,
e depois de tudo... um desespero romper de dentro sem motivo,
e aperceber o inundar dos olhos... em gotas feito abandono.
E como se não bastasse, um soluço brotar em silencio,
escondendo o choro,
e não conseguir refugiar-se para dentro em solidão.
Isso poder ser...
o esvaziamento de si mesmo.
Terás que desafogar o medo que te aperta,
que te comprime em aflição, que te desatina em sofreguidão.
E romper com essa angustia, com essa dor incerta,
e redimensionar a estreiteza do desafio, do inusitado,
e saciar-se novamente de esperança,
nutrir a alma de sonho e o existir de amplidão.
Terás que cavar profundamente o íntimo, e ser diferente,
tirar dali destreza, arrancar os talentos que sempre escondeu,
e se expor ao mundo, com um olhar resiliente,
suportar o acaso, amar o desconhecido,
entender as vaias...
refazer, reconstruir os erros, e ser aplaudido.
Porque tudo aqui... mede-se, mensura.
Vê-se o tamanho da beleza, a intensidade do brilho.
A grandeza do desafio, o barulho da queda.
O silencio do vôo e a leveza da ternura.
Não permita o esvaziamento de si mesmo,
se você continuar como está...
vai terminar igual aos outros,
vazio...
Sem amor.
Ari Mota