domingo, 31 de agosto de 2025

EFEMERIDADE DA ALMA


 








Ainda bem!…
Nunca pensei que… tudo fosse para sempre,
vivi revestido de uma fugacidade sem fim,
e tudo me foi efêmero como uma ventania.
Como tudo esvanece... não guardei, nem carreguei nada,
arrasto apenas os mais belos sentimentos,
a loucura das emoções.
Passei incólume pela vida,
e vim apreendendo a existir... e sentir o caminho,
nenhum sistema me devorou,
claro... tive que acolher o medo, é verdade,
mas o combati com a minha resiliência,
e o que me salvou... foram os amores que encontrei,
esses que sintonizam na minha frequência,
e povoam a minha alma,
pactuam com a minha lucidez e loucura,
e conhecem da minha solidão,
fizeram-me ver que a cura já estava aqui dentro,
estava em mim.
 
Ainda bem!... nunca vivi...
como se fosse o centro de algo ou de alguma coisa,
sempre fui coadjuvante de mim mesmo,
por vezes invisível, um eco, um ninguém,
quis ser inteiro... quis conhecer de plenitude,
e consegui com minha teimosia... evoluir,
e orgulhei-me... de quem me tornei,
e como se não bastasse... sobrevivi a todos os temporais,
e existir é essa beleza que se revela,
é passar por aqui e entender que tudo é transitório,
frágil... sem tamanho,
não há que carregar passado,
nem o pavor pelo que há de vir, a vida é hoje:
é esse instante e único,
é essa breve dança existencial,
essa incessante contemplação,
é descobrir a infinita vastidão da alma,
e amar em demasia.
Porque tudo não passa dessa efemeridade sem igual,
e “para sempre” é uma ilusão,
se tiver que viver... que seja agora,
amanhã... há amanhã!...
tem o perfume da finitude.
 
Ari Mota



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