Quando a dúvida enroscar nos seus sonhos,
agarrar nas suas vontades, como se fora sufocar o grito,
e depois encarcerar o salto, desnortear o vôo, inibir os desejos,
fazê-lo ficar aprisionado no ceticismo de si mesmo,
na incerteza de continuar,
e atemorizado descrer na luta, apequenar-se no combate, e ficar aflito.
Talvez...
tenha que ressurgir... e emergir do nada que tens, e que carregas,
e aceitar que se perdeu na imensidão do medo,
no vazio visceral que renegas.
Você que quis nascer para o mundo...
esqueceu de desabrochar para si mesmo, nascer para dentro.
Agora, terás que brotar em delírios e ter coragem de ser feliz...
e ser você.
Às vezes o que falta é nascer para nós mesmos.
E... há que se ter o vértice para dentro,
e abandonar a exteriorização do intimo, do essencial,
do entranhável, do profundo que se tem pelo existir, e se encontrar.
E em silencio, reinventar os elos com a alma.
Reaparecer em aventura, atrever-se ao risco, brincar de ilusão.
Recriar os acasos, dançar com a dúvida, e rebentar de emoção.
Viver tem que ser um acinte ao medo,
uma provocação ao temor de tudo acabar.
Viver é bailar a beira de um penhasco,
é reedificar os tombos, sacudir as lagrimas... e continuar.
E depois... reconfigurar as perspectivas, e prosseguir.
Crer em si mesmo, na esperança... ter um novo olhar.
E em equilíbrio, reatar os elos com a alma,
e arrancar do peito toda a amargura,
todos os ressentimentos,
e amar.
Ari Mota