terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O SILÊNCIO QUE PRECISO

Passei a ter cuidado com os meus desejos,
com o que... quero que caiba dentro dos meus sonhos,
e ande ao meu lado para sempre.
Fui... ficando seletivo sem saber,
e o meu grito foi em direção... das profundezas da minha alma,
passei a não me fantasiar de abandono,
ocupei de amor... os meus desertos,
e deixei o melhor de mim... para mim,
evoquei... o que nunca fui,
para descortinar o que de improvável eu tenho,
e saiba... fui me metamorfoseando,
para desconstruir o tamanho da minha solidão,
mudei de caminho, mudei de crença... mudei de livros,
até que a voz ficou vazia...
e calei-me... passei a olhar em demasia,
e silenciar... foi-me... a maior de todas... as minhas gentilezas,
e quando me olho... sei que virei contemplação.
Com o tempo... e depois que envelheci,
percebi... que nada me será definitivo, antes de partir,
e que...  de todas as certezas que tive,
nenhuma delas... suportaria o por do sol,
e que todas...  são fugazes... como uma ventania sem fim.
E saiba... passei a ter cuidado com os meus desejos,
consegui com muito custo... fazer uma limpeza na minha alma,
uma assepsia profunda nas minhas dúvidas.
Removi de dentro... sentimentos que guardei,
magoas que escondi,
as tempestades ocasionais,
utopias que vivi,
folhas secas que rastelei,
escolhas que me aprisionaram... inibiram a minha expectativa,
cativaram as minhas asas,
e o que não amei.
Passei a ter cuidado com os meus desejos,
e o silêncio que procuro e preciso,
está na imensidão do amor que me habita,
nos meus poucos... abraços de improviso,
neste meu descomedido contentamento,
nesta minha risada larga,
neste meu jeito de amar... aqueles que eu amo.
O silêncio que procuro... está aqui ao meu lado...
fantasiado de anjo... de borboletas,
e existir tem sido um espetáculo... um luxo... um esplendor.
Passei a ter cuidado com os meus desejos,
os escondo... aqui dentro da alma,
vou soltando aos poucos, lentamente, em gotas...
e todas... regam os meus sonhos,
o melhor de mim... a minha singeleza...
- e assim eu vivo... por amor.

Ari Mota

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A RESSONÂNCIA DA MINHA ALMA

Ao longo dessa minha estada... dessa passagem... por aqui,
não consegui amealhar coisas... nem juntar quinquilharias.
Tentei...  reinventei-me... e tudo fiz,
e entender tudo isso... foi um esforço descomunal,
às vezes me pergunto?... como existir... com tão pouco,
e ter a coragem de ser feliz.
E hoje... só posso oferecer:
A ressonância da minha alma,
o meu olhar... o meu silêncio, a minha calma,
o que não cabe mais em mim,
o que transcendeu... das dúvidas que tive,
das vezes que errei, e das poucas... que acertei,
de todos os meus descaminhos, de todos os meus desencontros,
de todos os meus reinícios,  e de todas as vezes que... ousei.
Como hoje... só tenho a alma, e nada mais carrego,
vou olhar para você... para sempre,
em todas as outras vidas... que tiver.
Podes atracar em qualquer lugar... estarei lá te... esperando,
e todas as vezes que partir... serei aquela infinita brisa,
verás que ao seu lado...  navego.
Tome o rumo que achar melhor, e enfrente o temporal que vier,
a minha alma em ressonância, estará ali... para os recomeços,
faça as suas escolhas... sabendo que existe... pessoas certas,
outras nem tanto,
mas, jamais esqueça... de mergulhar no seu interior...
 e ouvir a própria voz, o seu próprio encanto:
- encontre o que de indomável tens... pense... o que quiser,
dê uma chance... aos sonhos... viva-os intensamente,
respeite o que passou, observe o que virá... mais viva o hoje,
e saiba encontrar as suas verdades,
apronte-se para o próximo combate... o enfrente,
e que tudo seja... lições,
e que em todas as gentilezas que praticar... a primeira,
seja consigo mesmo,
e que possa se amar... demasiadamente,
e deslumbrar com o pouco que tens... o resto são vazios existenciais.
E se, sair para competir... que seja só... com você,
e se achar que tens... que perdoar... que sejam os seus erros infantis.
E sabe?  aqueles ínfimos momentos... transforme-o em beleza,
cuide do corpo... da alma... esse  templo sagrado, esse esplendor,
não permita que te invadam... como uma terra sem ninguém,
e que seu maior segredo seja o quanto... é feliz.
E depois... faça outras travessias... procure outras raízes,
pode ser um livro, uma musica... um abraço de alguém,
não fique no mesmo lugar,
experimente o amor.
Ofereço-te... a ressonância da minha alma,
e a emoção de amar,
é o que de sereno eu tenho... e carrego,
foi  o “tudo” que consegui,
- e, a ti... entrego.

Ari mota