Em constante procura...
percorri o meu existir no desejo do toque,
na súplica de um beijo.
Fitei tantas bocas, contemplei tantos lábios,
ensaiei tantos encontros.
Aflito reclamei tantas fantasias, beijei no escuro do cinema,
escondido... depois de um poema,
Em desespero... em agonia, beijei nos bares, nos botecos,
beijei bocas embriagadas... em pandarecos,
beijei bocas indiferentes, solitárias, amarguradas, inocentes.
beijei bocas vis, acanhadas, preparadas, desinfeliz.
beijei bocas estúpidas, desesperadas, abandonadas, e feliz.
beijei dançando na chuva, na praça, no banco do jardim,
na cama, no chão, ao vivo... em cores, ao som de um bandolim.
Beijei bocas escandalosas, nervosas, proibidas,
desnecessárias, inibidas.
Beijei bocas gostosas, frias, indolentes, atrevidas.
Beijei tantas bocas...
E nada sobrou... sequer um gosto, um sabor,
sequer a leveza do olhar, sequer a pureza do amor.
Mas um dia... o destino em capricho, atirou-me... em seus lábios,
minha alma em festa, saiu.. em seresta,
e bailei ao som das mais românticas cantigas,
colei meu rosto na mais aveludes das peles,
e como um traiçoeiro... fiz-me de posseiro,
e furtei-lhe a doçura do beijo.
Beijei todas as bocas... em todos os bailes,
em todas as camas, ao despertar do sol, ao pôr da lua,
mas só uma...
deixou-me essência,
a sua.
Ari Mota